WASHINGTON, 4 Mar (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a ajuda militar à Ucrânia na sequência do seu confronto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na semana passada, disse um responsável da Casa Branca, aprofundando a fissura que se abriu entre os dois antigos aliados.
A medida surge após Trump ter alterado a política norte-americana em relação à Ucrânia e à Rússia ao tomar posse em Janeiro, adoptando uma posição mais conciliatória em relação a Moscovo - e depois de um confronto explosivo com Zelenskiy na Casa Branca, na sexta-feira, em que Trump o criticou por não estar suficientemente grato pelo apoio de Washington na guerra com a Rússia.
"O Presidente Trump deixou claro que está concentrado na paz. Precisamos que os nossos parceiros também estejam empenhados nesse objectivo. Estamos a fazer uma pausa e a rever a nossa ajuda para garantir que está a contribuir para uma solução", disse o responsável na segunda-feira, falando sob condição de anonimato.
A Casa Branca não fez qualquer comentário imediato sobre o âmbito da medida e o montante da ajuda afectada ou sobre a duração da pausa. O Pentágono não pôde fornecer mais pormenores.
O gabinete de Zelenskiy não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters nem a Embaixada da Ucrânia em Washington.
Os democratas no Congresso dos Estados Unidos denunciaram a medida.
"Ao congelar a ajuda militar à Ucrânia, o presidente Trump abriu a porta para Putin escalar a sua agressão violenta contra ucranianos inocentes. As repercussões serão, sem dúvida, devastadoras", disse a senadora Jeanne Shaheen, a principal democrata da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado.
Na segunda-feira, Trump voltou a dizer que Zelenskiy deveria apreciar mais o apoio norte-americano, após ter respondido com raiva a uma notícia da Associated Press que citava Zelenskiy a dizer que o fim da guerra está "muito, muito longe".
"Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelenskyy, e a América não vai aguentar isso por muito mais tempo!", escreveu Trump no Truth Social, usando uma grafia alternativa do nome do líder ucraniano.
Desde a invasão da Rússia, há três anos, o Congresso dos Estados Unidos aprovou 175 mil milhões de dólares em assistência total à Ucrânia, segndo o apartidário Comité para um Orçamento Federal Responsável.
A administração Trump herdou 3,85 mil milhões de dólares de uma autorização aprovada pelo Congresso para recorrer aos 'stocks' de armas norte-americanas para a Ucrânia, mas dada a crescente disputa entre Washington e Kiev, já era improvável que essa assistência fosse utilizada.
A medida de segunda-feira vai além da posição de Trump de não conceder novas ajudas desde que assumiu o cargo - e parece suspender as entregas de equipamento militar aprovado por Biden, incluindo munições, mísseis e outros sistemas.
Mas Trump também sugeriu, na segunda-feira, que um acordo para abrir os minerais da Ucrânia ao investimento dos Estados Unidos ainda pode ser alvo de acordo, apesar da sua frustração com Kiev, enquanto que os líderes europeus apresentam propostas para uma trégua na guerra da Rússia com o seu vizinho.
A administração Trump considera que um acordo sobre minerais é a forma de os Estados Unidos recuperarem algumas das dezenas de milhares de milhões de dólares que deram à Ucrânia em ajuda financeira e militar desde que a Rússia invadiu o país há três anos.
Quando questionado, na segunda-feira, se o acordo estava morto, Trump disse na Casa Branca: "Não, acho que não".
Trump descreveu o acordo como um "grande negócio para nós" e disse que iria fazer uma actualização da situação esta terça-feira à noite, quando se dirigir a uma sessão conjunta do Congresso.
Texto integral em inglês: nL2N3PN01F