- O dólar acumula alta de 4% em relação ao real desde setembro, o que pressiona as projeções de câmbio para 2024.
- Três fatores contribuem para essa tendência: postura do Federal Reserve, cenário fiscal brasileiro e possível política protecionista de Trump.
- A deterioração fiscal e o cenário político dos EUA podem intensificar a desvalorização do real até o final do ano.
O dólar norte-americano registra uma valorização de 4% frente ao real desde o início de setembro, refletindo uma combinação de fatores econômicos e políticos que podem pressionar ainda mais as expectativas cambiais para o final de 2024. Entre os principais elementos que contribuem para essa perspectiva, destacam-se a recente postura mais cautelosa do Federal Reserve, o cenário fiscal em deterioração no Brasil e a possibilidade de uma política econômica mais protecionista caso o republicano Donald Trump seja eleito presidente dos Estados Unidos.
Adicionalmente, a Western Asset revisou sua previsão para o câmbio no final deste ano, de R$ 5,40 para R$ 5,50, atribuindo essa mudança à incerteza sobre a política de juros dos EUA e a eventual eleição de Trump. Essa perspectiva é apoiada por dados do mercado, que indicam uma redução no apetite pelo real, com o dólar saltando de R$ 5,40 no fim de setembro para R$ 5,67 em meados de outubro.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, aponta que a expectativa de um Fed menos acomodatício aumenta o risco de um dólar mais forte, além de uma deterioração no cenário fiscal brasileiro. Mesmo com tentativas do governo brasileiro em conter despesas, o clima de incerteza permanece, impactando negativamente o desempenho do real perante outras divisas emergentes. Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, observa que a sazonalidade, junto com um ambiente fiscal instável, pode levar a revisões cambiais para cima, com a expectativa de o dólar atingir R$ 5,50 no final de 2024.
A possibilidade de um novo mandato de Trump, com sua retórica protecionista, adiciona volatilidade ao cenário. Economistas como Lima, da Western Asset, alertam que tal cenário poderia intensificar a percepção de risco para moedas emergentes, pressionando ainda mais a moeda brasileira.