Dólar cai para abaixo de R$5,50 após anúncio de estímulos na China

- O dólar à vista caiu mais de 1% no Brasil após dois dias de alta, influenciado por medidas de estímulo econômico da China.

- O pacote chinês impulsionou commodities importantes para o Brasil, como petróleo e minério de ferro, favorecendo o real.

- A ata do Banco Central reforçou a necessidade de uma política monetária mais contracionista, mas o mercado ainda tem preocupações fiscais.

Após dois dias de forte alta, o dólar à vista encerrou a terça-feira com uma queda expressiva de mais de 1%, fechando abaixo de 5,50 reais. O movimento foi impulsionado por um pacote de medidas anunciado pela China para estimular sua economia, incluindo cortes em taxas de juros e facilitação de compra de ações. O dólar à vista caiu 1,33%, fechando a 5,4614 reais, enquanto o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuou 1,45%, a 5,4635 reais na venda.

O pacote chinês, que inclui cortes na taxa do depósito compulsório e redução de taxas de hipotecas, impulsionou commodities como petróleo e minério de ferro, favorecendo a valorização do real. “O pacote da China surpreendeu todo o mercado. O país é um grande consumidor de commodities, e o Brasil tem, entre os principais produtos exportados, justamente as commodities, como minério de ferro e petróleo”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Após atingir a cotação máxima de 5,5279 reais (-0,13%) às 9h16, o dólar despencou para a mínima de 5,4466 reais (-1,60%) às 11h13, acompanhando o movimento de desvalorização da moeda norte-americana frente a quase todas as outras divisas. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,55%, a 100,370.

No cenário doméstico, a ata do último encontro de política monetária do Banco Central, que elevou a taxa Selic para 10,75% ao ano, foi publicada pela manhã. O documento destacou a necessidade de uma política monetária mais contracionista devido às incertezas econômicas, mas a reação do mercado foi ofuscada pelo pacote da China. “A dinâmica de inflação ainda preocupa o Banco Central”, afirmou Roberto Campos Neto, presidente do BC, durante um evento em São Paulo.

Analistas consultados pela Reuters avaliaram que a perspectiva de uma Selic mais alta no Brasil, combinada com juros menores nos EUA, poderia permitir que o dólar atinja níveis abaixo de 5,40 reais. Entretanto, a preocupação com o equilíbrio fiscal brasileiro continua a ser um obstáculo significativo.

Além disso, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024, reforçando sua atuação no mercado para conter a volatilidade cambial.