- O dólar fechou a semana em queda firme ante o real.
- As apostas de um corte maior nos juros pelo Federal Reserve influenciaram os mercados.
- A curva de juros brasileira continua precificando aumentos da Selic até o fim do ano.
O dólar encerrou a sexta-feira em queda significativa frente ao real, cotado a R$5,5675, refletindo apostas de um corte maior nos juros pelo Federal Reserve na próxima semana. Esse movimento alinhou-se à baixa dos rendimentos dos Treasuries e à depreciação do dólar no mercado externo. A moeda acumulou uma baixa semanal de 0,39%.
Na sessão de sexta-feira, o dólar futuro de primeiro vencimento caiu 1,12%, negociado a R$5,5740. A desvalorização do dólar foi influenciada por expectativas de que o Fed possa reduzir os juros em 50 pontos-base na próxima quarta-feira, ao invés dos 25 pontos-base anteriormente esperados, impulsionando a queda da moeda americana globalmente.
Essas expectativas foram acentuadas por declarações do ex-presidente do Fed de Nova York, Bill Dudley, e artigos do The Wall Street Journal e Financial Times, que sugeriram uma maior incerteza na decisão do Fed. Dudley argumentou que os juros nos EUA, atualmente entre 150 e 200 pontos acima da taxa neutra, poderiam justificar um corte de 50 pontos-base.
"Hoje, o motivo para o dólar estar cedendo é o aumento das chances de o Fed cortar 50 pontos-base. O mercado estava precificando 25, mas a inflação está arrefecendo", explicou Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital. Ele acrescentou que essa expectativa se reflete no Brasil, onde a curva de juros prevê três aumentos da Selic até o fim do ano.
Com a possibilidade de o Fed cortar seus juros para a faixa de 4,75% a 5,00%, o diferencial de juros a favor do Brasil aumentaria, potencialmente atraindo mais capital internacional. Em resposta, o dólar à vista atingiu uma mínima de R$5,5450 durante a sessão, após abrir a R$5,6272.
Suzuki ponderou que, isoladamente, um corte de 50 pontos-base pelo Fed poderia levar o dólar a uma tendência de baixa, devido ao aumento do diferencial de juros favorável ao Brasil. No entanto, ele destacou que outros fatores, como o orçamento do governo brasileiro para 2025 e conflitos geopolíticos, podem influenciar as cotações do dólar nos próximos meses.
No final da tarde, o dólar manteve sua queda frente a quase todas as principais divisas. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas fortes, recuava 0,05%, a 101,110.
Pela manhã, o Banco Central do Brasil vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.