- A demanda por crédito no Brasil teve queda de 5% em setembro de 2024, impulsionada por recuos nos setores de Varejo e Financeiro.
- A alta da Selic para 10,75% ao ano influenciou a retração, com previsão de atingir 11,75% até o final do ano.
- O setor de Serviços apresentou crescimento de 22%, enquanto o Varejo teve variações mistas entre agosto e setembro de 2024.
A demanda por crédito no Brasil registrou uma queda de 5% em setembro de 2024, de acordo com o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC). Este resultado repete o de agosto, em comparação anual, e destaca o impacto das recentes políticas monetárias. A alta da taxa Selic, agora em 10,75% ao ano, é um fator crítico para essa retração, após o Banco Central do Brasil elevar a taxa pela primeira vez durante o atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a Neurotech, os setores de Varejo e Financeiro foram os principais responsáveis pela queda, com recuos de 9% e 6%, respectivamente. Apesar disso, o setor de Serviços apresentou crescimento significativo, com um aumento de 22% na busca por crédito em relação ao mesmo mês do ano anterior. Comparando com agosto de 2024, não houve variação no indicador de crédito.
A projeção do boletim Focus do Banco Central sugere que a Selic pode atingir 11,75% ao ano até o final de 2024. "O aumento nos juros impacta diretamente as margens das instituições financeiras, que precisam repassar esse custo aos consumidores," explica Natália Heimann, líder da Business Unit de Dados & Analytics para Crédito da Neurotech. Com o crédito se tornando mais caro, a apreensão entre os consumidores também se intensifica.
No segmento de Varejo, historicamente o mais afetado, todas as categorias apresentaram queda comparando a setembro de 2023. Destaques incluem quedas em EletroMóveis (-22%) e Vestuário (-19%). Contudo, em relação a agosto de 2024, houve um aumento de 2% na procura por crédito no Varejo, com aumentos notáveis em Vestuário (33%) e Lojas de Departamento (8%).
O INDC, abrangendo um vasto universo de empresas, instituições financeiras e varejistas, mede a propensão dos brasileiros ao crédito. Apesar do elevado número de consultas mensais, muitas não resultam na concessão de crédito, devido a fatores como perfil do solicitante, apetite ao risco das financeiras e potenciais fraudes, segundo a Neurotech.