- Os juros futuros no Brasil encerraram a sessão em alta devido a influências externas e incertezas internas sobre medidas fiscais.
- A expectativa por medidas de corte de gastos após as eleições municipais gera impaciência entre investidores.
- A pressão cambial com o dólar em alta ante o real é uma preocupação adicional para o mercado.
Os juros futuros no Brasil fecharam em alta nesta terça-feira, 29 de outubro, influenciados por um ambiente externo desfavorável e incertezas internas sobre medidas fiscais. Após um início de alívio nos prêmios de risco pela manhã, as taxas começaram a subir no início da tarde, acompanhando a piora nos bônus globais e o fortalecimento do dólar frente ao real.
Internamente, cresce a impaciência dos investidores em relação ao pacote de corte de gastos, sem sinais concretos na agenda de revisão após o segundo turno das eleições municipais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou progresso nas conversas com o presidente Lula, mas ainda sem data para divulgação. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu para 12,74%, de 12,70% no ajuste do dia anterior.
Desde ontem, o mercado tenta uma correção em baixa, mas enfrenta dificuldades devido às expectativas pelas medidas fiscais e incertezas no cenário internacional. A curva chegou a testar um fechamento, mas foi impactada pela alta dos Treasuries e a flutuação cambial; a taxa da T-Note de dez anos superou os 4,30%, enquanto o dólar alcançou R$ 5,76, o maior patamar desde março de 2021.
"Era para ser um dia tranquilo, mas tanto o externo quanto o ambiente doméstico deixaram o investidor ressabiado", disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets. Internacionalmente, os leilões do Tesouro americano, a cautela sobre o orçamento do Reino Unido e declarações do BCE contribuíram para a volatilidade. No âmbito nacional, a ansiedade aumenta em relação à revisão de gastos, com Haddad afirmando que as conversas estão avançadas, mas sem confirmação de valores ou datas.
O mercado busca medidas fiscais mais estruturais, como cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), porém a falta de detalhes alimenta a incerteza. Essa apreensão também se reflete no câmbio, onde o dólar a R$ 5,76 uma semana antes da reunião do Copom é um fator de preocupação, principalmente no modelo de inflação.