- A política fiscal expansionista do Brasil impede a redução dos juros, em um cenário onde outras economias os estão reduzindo.
- A Veedha Investimentos espera que o Banco Central aumente a Selic devido à pressão inflacionária.
- A falta de coordenação entre as políticas fiscal e monetária pode prejudicar a economia brasileira a longo prazo.
O Brasil enfrenta desafios econômicos significativos devido a uma política fiscal expansionista, segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. Enquanto economias avançadas, como os EUA e a zona do euro, reduzem suas taxas de juros, o Banco Central do Brasil (BC) é forçado a manter a Selic elevada para controlar a inflação, impulsionada pela injeção de capital público. Camila prevê um crescimento do PIB de 3% em 2023 e 1,70% em 2024, estimativas que estão em linha com o consenso do mercado.
A Veedha Investimentos projeta que o BC realizará três aumentos consecutivos de 0,50 ponto percentual na Selic, elevando a taxa para 12,25% ao ano até janeiro. Este movimento visa conter a inflação e o crescimento do crédito, que, se não controlados, podem levar a um aumento da inadimplência. Camila destaca que a política fiscal atualmente enfraquece a eficácia da política monetária, limitando a capacidade do BC de atingir a meta central de inflação.
No cenário externo, permanece incerto o quanto o Fed e o BCE reduzirão seus juros, mas a expectativa é de uma tendência de queda. O Brasil, que poderia se beneficiar deste diferencial de juros, vê-se obrigado a aumentar a Selic para impedir que a inflação ultrapasse o teto da meta. A Veedha prevê que o IPCA fechará 2024 em 4,5% e 2025 em 4,3%.
Camila enfatiza que a nova diretoria do BC, a partir de janeiro de 2025, não adotará políticas irresponsáveis de corte de juros sem fundamento. Ela sugere que a coordenação entre as políticas fiscal e monetária, juntamente com um compromisso do governo em direção ao equilíbrio fiscal, poderia surpreender positivamente o cenário econômico. Para ela, o Brasil deve buscar uma taxa de juros mais próxima da neutra, aproveitando os cortes internacionais para reduzir a desconfiança em relação à sua política fiscal.