- Os juros futuros encerraram com forte alta após a reunião do Copom, destacando-se o aumento de 25 pontos-base nos trechos curtos.
- Há 20% de chance de um incremento mais agressivo na Selic na próxima reunião, influenciado pela cautela em relação ao relatório bimestral de receitas e despesas.
- O Copom elevou a Selic para 10,75%, com uma postura hawkish que levou instituições a reverem suas previsões de política monetária para cima.
Os juros futuros encerraram a sessão desta quinta-feira em alta significativa, impulsionados pela última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O destaque foi o aumento de 25 pontos-base no trecho curto da curva, refletindo a expectativa de que o ciclo total de ajuste da taxa Selic poderia alcançar 2 pontos porcentuais para controlar as expectativas inflacionárias. Na reunião de novembro, a precificação da Selic já indicava 20% de chance de um aumento de 0,75 ponto percentual, em vez dos 0,25 ponto percentuais previstos inicialmente.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,985%, aumento em relação aos 10,940% do dia anterior. Já o DI para janeiro de 2026 terminou em 12,05%, contra 11,76% anteriormente, ultrapassando a marca de 12% pela primeira vez desde 29 de março de 2023. O DI para janeiro de 2027 fechou em 12,01% e o DI para janeiro de 2029 em 12,08%.
O Copom aumentou a Selic para 10,75% e adotou uma comunicação hawkish, mantendo em aberto as próximas ações. Esse tom levou diversas instituições a revisarem para cima seus cenários de política monetária, com destaque para a elevação da projeção do IPCA para 3,5% no primeiro trimestre de 2026.
Embora o aumento nos DIs curtos fosse esperado, a magnitude surpreendeu e não conseguiu ancorar a ponta longa da curva. O recuo do dólar, que caiu para R$ 5,42, não foi suficiente para conter o avanço das taxas. O economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, observou que a abertura da parte longa dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos pode ter influenciado, mas destacou que a dinâmica é majoritariamente doméstica.
Além disso, o mercado se preparou para o relatório bimestral de receitas e despesas a ser divulgado, que, segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, consolidará a meta fiscal de 2024.
O Tesouro reagiu ao estresse na curva reduzindo os lotes de prefixados no leilão, absorvendo integralmente as ofertas de 600 mil NTN-F e 6 milhões de LTN. Segundo o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, o mercado já precifica uma taxa Selic de 11,75% para o fim de 2024 e um ciclo total de ajuste de 2 pontos percentuais, refletindo preocupações com a pressão fiscal contínua.