- O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou a retomada do horário de verão no Brasil, mas a decisão final depende do presidente Lula.
- A medida visa otimizar a geração de energia devido à seca nas hidrelétricas, embora o ministro Alexandre Silveira não esteja totalmente convencido de sua necessidade.
- O horário de verão pode gerar economia e reduzir a pressão sobre o sistema elétrico, mas também apresenta desafios logísticos e impactos variados em diferentes setores.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) aprovou a recomendação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a retomada do horário de verão no Brasil, conforme afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta quinta-feira. A implementação da medida ainda precisa de mais análises e depende de uma decisão final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A possível reintrodução do horário de verão, que poderia começar em 2024, surge em meio aos esforços do país para otimizar a geração de energia diante de uma condição mais seca no parque hidrelétrico. No entanto, Silveira enfatizou que, mesmo com a seca afetando as hidrelétricas que respondem por mais de 50% da geração de energia no país, não há risco de crise energética.
"Há um estresse no sistema ao final da tarde e início da noite, quando os parques solares deixam de gerar, o que justifica a eventual volta do horário de verão. Ainda assim, considerando a segurança de que não faltará energia, diria que não estou convencido e buscarei outros instrumentos de maior resiliência", afirmou Silveira em entrevista.
Durante a reunião do CMSE, que inclui membros do ONS, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entre outros, Silveira amenizou seu tom após ter declarado anteriormente que a severa seca tornava a volta do horário de verão uma "realidade muito premente".
Silveira também mencionou que o horário de verão poderia gerar uma economia de 400 milhões de reais, embora ele tenha considerado esse valor pouco significativo. "Minhas decisões são pautadas na ciência e nos técnicos, mas ainda não estou convencido da necessidade do horário de verão", reiterou.
O ministro reconheceu a necessidade de previsibilidade caso o horário de verão seja reintroduzido. "Se houver horário de verão, daremos tempo para que os setores possam se adaptar, pois isso afeta a vida de todos os brasileiros", disse.
A possível volta do horário de verão pode ter impactos variados em diferentes setores econômicos. Enquanto bares e restaurantes podem se beneficiar, companhias aéreas enfrentariam desafios logísticos, especialmente com a reprogramação de voos internacionais.
No setor de energia, o ajuste nos relógios pode aliviar a pressão sobre o sistema elétrico no fim da tarde, quando a geração solar cessa e o consumo atinge seu pico. No entanto, os ganhos podem ser limitados, já que a geração solar adicional ocorre em um momento de menor insolação.
"O governo sempre busca medidas focadas na modicidade tarifária", destacou o ministro. A avaliação é que o horário de verão deslocava o consumo no pico, mas não alterava significativamente a demanda total de energia ao longo do dia, um dos motivos para sua descontinuação em 2019.