Por Nate Raymond
BOSTON, 17 Abr (Reuters) - Um ex-gerente do necrotério da Harvard Medical School acusado de roubar e vender órgãos e outras partes de cadáveres doados à instituição para pesquisa e educação médica concordou em se declarar culpado.
Cedric Lodge, que gerenciou o necrotério de Harvard por mais de duas décadas antes de ser preso, em 2023, concordou em se declarar culpado de transportar mercadorias roubadas através de fronteiras estaduais, diz acordo de confissão protocolado na quarta-feira no tribunal federal em Williamsport, Pensilvânia.
Ele optou por se declarar culpado em vez de ir a julgamento, previsto para 5 de maio, junto com uma mulher que, segundo os promotores, comprou de Lodge e de sua esposa partes de corpos.
Lodge, de 57 anos, pode pegar uma pena máxima de 10 anos de prisão. Seu advogado preferiu não tecer comentários nesta quinta-feira.
Os promotores afirmam que de 2018 a 2022 Lodge roubou partes de cadáveres, incluindo cabeças, cérebros, pele e ossos, e as transportou do necrotério de Harvard, em Massachusetts, para sua casa em Goffstown, New Hampshire, onde ele e sua esposa as venderam.
Segundo os promotores, Lodge às vezes permitia que compradores em potencial entrassem no necrotério da instituição para examinar os corpos humanos doados a Harvard e selecionar as partes a serem compradas. Os compradores, em sua maioria, revendiam as partes dos corpos, segundo os promotores.
As famílias que confiaram os restos mortais de seus entes queridos a Harvard entraram com cerca de uma dúzia de ações judiciais contra a escola após a prisão de Lodge e de outros envolvidos no escândalo, acusando-a não cuidar direito dos corpos.
Um juiz de Massachusetts, no entanto, rejeitou essas ações no ano passado, dizendo que não conseguiram mostrar de forma plausível que Harvard não agiu de boa fé ao lidar com os corpos ou que era legalmente responsável pela conduta "horrível" de Lodge.
As famílias aguardam uma decisão da mais alta corte de Massachusetts, que pode reverter a decisão.
Harvard não respondeu a um pedido de comentário nesta quinta-feira. Anteriormente, a universidade expressou choque com a conduta de Lodge e lamentou a incerteza e a angústia que as famílias enfrentaram como resultado de suas ações.
Uma análise independente de Harvard sobre seu programa de doação de cadáveres recomendou, no final de 2023, que a instituição implemente mais supervisão e melhor documentação.
(Reportagem de Nate Raymond em Boston)
((Tradução Redação Brasília))
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