NOVA YORK, 15 Abr (Reuters) - Harvey Weinstein deve ser julgado por acusações de estupro e agressão sexual em Manhattan nesta terça-feira, um ano depois que um tribunal estadual de apelações anulou a condenação do ex-magnata do cinema em 2020.
Weinstein, 73 anos, enfrenta uma acusação de estupro e duas acusações de ato sexual criminoso no julgamento do júri, presidido pelo juiz do Tribunal Superior Curtis Farber. Weinstein, que co-fundou o estúdio Miramax e já foi um dos produtores mais influentes de Hollywood, declarou-se inocente e negou ter agredido alguém ou feito sexo não consensual.
Sua condenação foi um momento decisivo para o movimento #MeToo, que incentivou as mulheres a apresentarem alegações de má conduta sexual por parte de homens poderosos da mídia, da política e de outras esferas.
O julgamento, marcado para começar com a seleção do júri nesta terça-feira, deve durar cerca de seis semanas. Farber e os advogados de ambos os lados deverão interrogar e selecionar 12 jurados de um grupo de moradores de Manhattan. O veredicto deve ser unânime para a condenação.
Um júri considerou Weinstein culpado de estupro e agressão sexual em 2020, e ele foi condenado a 23 anos de prisão. Um tribunal estadual de apelações anulou a condenação em abril de 2024 e ordenou um novo julgamento, concluindo que as mulheres que acusaram Weinstein de agressões que não faziam parte das acusações contra ele não deveriam ter sido autorizadas a testemunhar.
Os promotores do escritório do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, acusaram Weinstein de agredir sexualmente a ex-assistente de produção Miriam Haley em 2006 e de estuprar a aspirante a atriz Jessica Mann em 2013, acusações pelas quais ele foi condenado no primeiro julgamento. No novo julgamento, Weinstein também enfrenta uma nova acusação de supostamente ter agredido uma mulher não identificada em Manhattan em 2006.
Durante o primeiro julgamento, os promotores retrataram Weinstein como um predador em série que manipulava as mulheres com promessas de ascensão na carreira em Hollywood, as levava para quartos de hotel ou apartamentos particulares e depois as dominava e atacava.
É provável que Weinstein passe o resto de sua vida na prisão, mesmo que seja absolvido no novo julgamento em Nova York, porque ele foi sentenciado a 16 anos após ter sido condenado separadamente por estupro na Califórnia. Ele ainda não começou a cumprir essa sentença e permanece sob custódia em Nova York desde que sua condenação foi anulada.
Em setembro, Weinstein foi levado às pressas para um hospital e passou por uma cirurgia cardíaca de emergência. O episódio foi um dos vários sustos com sua saúde enquanto ele estava preso na cadeia de Rikers Island, em Nova York, onde seus representantes disseram que ele estava recebendo cuidados médicos inadequados.
Mais de 100 mulheres, incluindo atrizes famosas, acusaram Weinstein de má conduta, e as alegações contra ele foram um ponto focal do #MeToo. Ele negou as alegações e disse que todos os encontros sexuais que teve foram consensuais.
O estúdio de cinema de Weinstein entrou com pedido de falência em março de 2018, entrando em colapso após as acusações originais de má conduta sexual.
(Reportagem de Jack Queen)
((Tradução Redação São Paulo))
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