Por Vitalii Hnidyi e Valentyn Ogirenko
DNIPROPETROVSK, UCRÂNIA, 21 Fev (Reuters) - As negociações entre Rússia e Estados Unidos para por fim a três anos de guerra na Ucrânia não impressionaram tropas ucranianas na linha de frente, que não veem um desfecho rápido do confronto se Kiev for deixada de fora das conversas.
Segurando um fuzil, um soldado da infantaria que atende pelo codinome "Rugbyist" recordou a resistência feroz da Ucrânia nas primeiras semanas da invasão russa em fevereiro de 2022, antes da chegada do apoio ocidental, e sugeriu que seu país poderia fazer isso novamente, se necessário.
O militar não tem grandes esperanças de que o presidente dos EUA, Donald Trump, defenda a Ucrânia: "Você não pode ser traído por uma pessoa da qual não espera nada.", disse ele.
Outro soldado, conhecido como "Pruzhynka", também minimizou as conversas entre Rússia e EUA realizadas na Arábia Saudita e disse que ainda planeja lutar quando retornar à linha de frente.
"Talvez eles tenham decidido algo por lá, mas essa é a opinião deles", disse à Reuters o jovem de 21 anos, cujo codinome significa "primavera", em uma base de treinamento no sudeste da Ucrânia.
"Os ucranianos não acreditarão em tudo isso", afirmou.
A pressão de Trump por um acordo de paz rápido com Moscou, deixando a Ucrânia de lado, causou medo entre muitos ucranianos e seus aliados.
Tropas da linha de frente dizem, porém, que estão determinadas a continuar lutando após três anos de sacrifícios amargos e a perda de dezenas de milhares de companheiros de armas.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, rejeitou quaisquer acordos feitos pelas costas da Ucrânia e busca garantias de segurança com parceiros de Kiev antes de qualquer acerto.
O enviado de Trump, Keith Kellogg, disse na sexta-feira que teve conversas "extensas e positivas" com Zelenskiy durante uma viagem a Kiev, sem fornecer mais informações.
Também na sexta-feira, o Kremlin insinuou um encontro entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, mas disse que os detalhes ainda não foram definidos.
Enquanto isso, as tropas ucranianas estão lutando para conter os avanços russos em grande parte da extensa frente oriental.
Os combates são intensos perto do centro logístico de Pokrovsk, defendido em parte pelas tropas da 68ª Brigada Jaeger da Ucrânia.
No campo de treinamento, soldados disseram ter pouca fé nas conversas de paz em andamento e não enxergam um fim imediato dos combates.
"Há muitos patriotas entre nós -- somos descendentes dos cossacos", disse "Alladin", que estava treinando as tropas.
"Lutaremos até o fim", afirmou.
(Reportagem de Vitalli Hnidyi e Valentyn Ogirenko)
((Tradução Redação São Paulo))
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