DOHA/CAIRO/JERUSALÉM, 16 Jan (Reuters) - Israel intensificou os ataques a Gaza horas depois de ter sido anunciado um cessar-fogo e um acordo para a libertação de reféns, disseram residentes e autoridades do enclave palestiniano, sendo que os mediadores tentaram travar os combates antes do início das tréguas, no domingo.
O complexo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo militante Hamas, que controla Gaza, surgiu, na quarta-feira, após meses de mediação pelo Qatar, Egito e Estados Unidos e 15 meses de derramamento de sangue que devastaram o território costeiro e inflamaram o Médio Oriente.
O acordo prevê um cessar-fogo inicial de seis semanas com a retirada gradual das forças israelitas da Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas foram mortas. Os reféns do Hamas seriam libertados em troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Numa conferência de imprensa em Doha, o primeiro-ministro do Qatar, Xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, afirmou que o cessar-fogo entraria em vigor no domingo. Os negociadores estão a trabalhar com Israel e o Hamas nas medidas a tomar para aplicar o acordo, afirmou.
"Este acordo vai pôr termo aos combates em Gaza, prestar a tão necessária assistência humanitária aos civis palestinianos e reunir os reféns com as suas famílias após mais de 15 meses de cativeiro", disse Joe Biden, o Presidente dos Estados Unidos, em Washington.
O seu sucessor, Donald Trump, que toma posse na segunda-feira, reivindicou o crédito pelo avanço em Gaza.
A aceitação do acordo por Israel não será oficial até que seja aprovado pelo gabinete de segurança e pelo governo do país, com votações previstas para esta quinta-feira, disse um responsável israelita.
Espera-se que o acordo fosse aprovado, apesar da oposição de alguns membros da linha dura do governo de coligação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Enquanto as pessoas celebravam o pacto em Gaza e em Israel, militares israelitas intensificaram os ataques após o anúncio, segundo os serviços de emergência civil e os residentes.
Os fortes bombardeamentos israelitas, especialmente na cidade de Gaza, mataram 32 pessoas na quarta-feira, segundo os médicos. Os ataques continuaram na madrugada desta quinta-feira e destruíram casas em Rafah, no sul de Gaza, em Nuseirat, no centro de Gaza, e no norte de Gaza, segundo residentes.
Os militares israelitas não fizeram comentários imediatos e não houve relatos de ataques do Hamas contra Israel após o anúncio do cessar-fogo.
Um responsável palestiniano próximo das negociações de cessar-fogo disse que os mediadores estavam a tentar persuadir ambas as partes a suspender as hostilidades antes da entrada em vigor do cessar-fogo.
Texto integral em inglês: nL1N3OC00A
(Por Andrew Mills, Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell; escrito por Cynthia Osterman; Tradução para português por Tiago Brandão, Gdansk Newsroom)
((gdansk.newsroom@thomsonreuters.com ; +48 58 769 66 00))