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Mesmo em alta, dólar não necessariamente é uma boa compra, diz UBS

Investing.com3 de dez de 2024 às 16:22

Investing.com – O dólar atingiu máximas de dois anos contra as principais divisas do mundo recentemente, após as últimas eleições presidenciais nos EUA, revertendo perdas acumuladas nos dois meses anteriores.

Apesar da força atual da moeda americana e das condições de mercado favoráveis, estrategistas do UBS alertam que o cenário não configura uma oportunidade atrativa de compra para investidores.

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O rápido fortalecimento da divisa foi sustentado por dados econômicos mais sólidos nos EUA, em comparação com outras regiões, bem como por preocupações com o crescimento global. A reeleição de Donald Trump também reduziu as chances de cortes acentuados nas taxas de juros, contribuindo para a trajetória ascendente do “greenback”, como o dólar também é chamado no jargão financeiro.

Combinados à incerteza sobre o crescimento do PIB global, às ameaças tarifárias dos EUA e à permanência de rendimentos americanos elevados por mais tempo, esses fatores sugerem que a força do dólar pode persistir até 2025. Ainda assim, “isso não significa que o dólar seja uma compra”, afirmaram estrategistas liderados por Dominic Schnider, do UBS.

Valuation do dólar levanta dúvidas sobre sustentabilidade

O Índice Dólar subiu 6% desde sua mínima em setembro, uma variação equivalente a cerca de um desvio-padrão. Mesmo assim, analistas alertam que grande parte das boas notícias que sustentaram a moeda já está refletida nos preços. Por isso, o UBS desaconselha novas apostas no fortalecimento do dólar neste momento.

Os especialistas também chamam atenção para a limitação da sustentabilidade atual da moeda, destacando que ela está “extraordinariamente valorizada em termos ajustados pelo comércio”.

“Por essa razão, consideramos o dólar uma venda em picos adicionais, em vez de uma oportunidade para ampliar posições compradas. Em outras palavras, vemos valor em adotar uma postura contrária para a maioria dos pares de moedas,” explicaram os estrategistas.

Nesse cenário, o banco recomenda estratégias baseadas em contracorrente, favorecendo moedas como o iene japonês e o dólar australiano, que podem se beneficiar de políticas monetárias divergentes. Na Europa, a libra esterlina desponta como a principal escolha do UBS, sustentada por melhores perspectivas de crescimento econômico no Reino Unido e rendimentos mais atrativos.

Moedas emergentes oferecem alternativas

Entre moedas de mercados emergentes, algumas oportunidades se destacam. O UBS aponta o rand sul-africano, a rúpia indiana e a rúpia indonésia como promissoras para retornos totais, embora os riscos comerciais sigam impactando moedas de países exportadores, como o peso mexicano e o dólar canadense.

Para o médio prazo, o UBS projeta uma queda de 6% no índice DXY, motivada pela redução nos rendimentos dos Treasuries americanos e pelo enfraquecimento dos impactos iniciais das políticas econômicas de Trump.

Fluxos de investimento revelam mudanças no apetite por dólar

Os fluxos de capital voltados ao dólar americano se tornaram negativos na última semana, de acordo com o Bank of America (NYSE:BAC), refletindo mudanças no sentimento e no posicionamento do mercado.

Apesar da demanda corporativa por dólar, a moeda enfrentou pressões de oferta causadas por investidores institucionais, que superaram as posições compradas de hedge funds, segundo o banco.

Esse comportamento está em linha com a recente fragilidade do dólar. “O dólar poderia ter perdido ainda mais força sem a demanda corporativa no fim do mês,” avaliou o BofA.

Entre as moedas do G10, o franco suíço (CHF) se destacou, sustentado tanto por hedge funds quanto por investidores institucionais. Esse interesse está parcialmente ligado a "preocupações crescentes na França", que atraíram atenção do mercado.

Além disso, o BofA observou que a atividade em opções aumentou a pressão sobre o par euro-iene (EUR/JPY). Embora o iene tenha apresentado forte demanda no mercado de opções, o euro segue enfrentando excesso de oferta. Analistas projetam mais queda no EUR/JPY nos próximos meses, enquanto a demanda no mercado de opções por dólar permanece contida.

Por outro lado, o BofA destacou que o dólar tem se beneficiado recentemente de um aumento nos fluxos de investimentos em ações americanas por investidores estrangeiros, evidenciando a complexidade do posicionamento da moeda, que reflete forças contrastantes entre classes de ativos e regiões.

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