Investing.com - O dólar se valorizava contra as principais moedas nesta quarta-feira, em sua maior alta diária desde março de 2020, à medida que Donald Trump assegurava sua vitória na corrida eleitoral pela presidência dos EUA.
Às 8 h de Brasília, o Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de outras seis importantes divisas, subia 1,52%, alcançando 104,90, após atingir uma máxima de 105,237, o ponto mais alto em quatro meses.
O candidato republicano Donald Trump declarou-se vencedor na eleição presidencial dos EUA na quarta-feira, mesmo com a corrida ainda não oficialmente concluída, afirmando que a vitória lhe confere um “mandato forte” para implementar suas políticas econômicas.
O Partido Republicano também conquistou a maioria no Senado e se aproxima de controlar a Câmara dos Representantes.
Uma maioria republicana no Congresso facilitaria consideravelmente a aprovação de mudanças importantes na política de Trump, cujas medidas tarifárias e de imigração são vistas por analistas como fatores que poderiam sustentar o dólar ao elevar a inflação.
“As operações ligadas a Trump estão a todo vapor enquanto a contagem de votos continua nos EUA”, disseram analistas do ING em nota. “Caso a expectativa crescente de uma maioria republicana completa se concretize, esperamos um período prolongado de valorização do dólar.”
O Federal Reserve também realiza sua reunião esta semana, com encerramento na quinta-feira. O mercado se posiciona para mais uma redução na taxa de juros, dessa vez de 25 pontos-base, menor que o corte de 50 pontos-base realizado em setembro.
Na Europa, o euro (EUR/USD) recuava 1,5%, para 1,0762, atingindo o nível mais baixo desde o início de julho, à medida que a perspectiva de um segundo mandato para Donald Trump nos EUA se torna mais provável.
“O euro foi a moeda mais fraca entre as do G10 durante a noite, e o motivo é claro”, acrescentou o ING. “Espera-se que Trump, em um segundo mandato, amplie sua guerra comercial para além da China, em um momento de crescimento estagnado na zona do euro e de revisão econômica interna — especialmente na Alemanha — sobre seu modelo de negócios. A ideia de exportar para superar a estagnação já não é uma opção viável para a zona do euro.”
Essa fraqueza do euro ocorre mesmo com o setor de serviços da Alemanha apresentando leve alta na atividade em outubro, alcançando o nível mais alto em três meses na manhã de quarta-feira.
O PMI subiu para 51,6 em outubro, em comparação com 50,6 em setembro, marcando a primeira aceleração no crescimento em cinco meses.
A libra (GBP/USD) recuou 1%, para 1,2917, com a expectativa de que o Banco da Inglaterra aprove um novo corte de 25 pontos-base na taxa de juros na quinta-feira, após a primeira redução nos juros em quatro anos, realizada em agosto.
Antes do orçamento da semana passada, um corte era praticamente certo, mas o volume inesperadamente alto de gastos e empréstimos governamentais trouxe certa incerteza.
O iene (USD/JPY) perdia 1,6%, para 153,95, seu nível mais baixo em três meses, com a vitória de Trump se aproximando.
A fraqueza do iene gerou cautela entre os traders sobre a possibilidade de intervenção do governo no mercado cambial, após recentes alertas verbais de ministros.
O iuane (USD/CNY) se desvalorizava 0,8%, para 7,1579, diante da promessa de Trump de impor tarifas pesadas à China, caso reeleito, o que representa um cenário desafiador para a moeda chinesa.
As atenções também se voltam para a reunião do Congresso Nacional do Povo na China nesta semana, onde o governo deve aprovar um aumento nos gastos fiscais para os próximos anos.
O dólar australiano (AUD/USD) recuava 0,9%, para 0,6579, com a expectativa de que a economia australiana possa ser prejudicada pelas possíveis tarifas de Trump sobre a China, dado o vínculo comercial da Austrália com o país asiático.