Por Leika Kihara e Kentaro Sugiyama
TÓQUIO, 11 Abr (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, criou nesta sexta-feira uma força-tarefa para supervisionar as negociações comerciais com os Estados Unidos, liderada por seu assessor próximo e ministro da Economia, Ryosei Akazawa, que, segundo a mídia nacional, visitará Washington na próxima semana.
Akazawa se reunirá com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e com o Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, para negociações tarifárias com em 17 de abril, informou a emissora pública NHK nesta sexta-feira.
Embora não tenha oferecido uma data específica, Akazawa disse anteriormente que espera se reunir com seu homólogo o mais rápido possível para dar início às negociações comerciais bilaterais que podem incluir a política monetária.
"Sei que o Sr. Bessent gosta muito do Japão e, sem dúvida, tem uma boa impressão de nosso país. Ele também tem um profundo histórico financeiro, portanto, pode ser uma contraparte difícil de negociar", disse Akazawa em uma coletiva de imprensa.
"Ele parece mencionar barreiras não tarifárias e política monetária como um dos tópicos que gostaria de discutir. Se for o caso, obviamente responderemos durante as discussões", disse ele, acrescentando que o Japão não tirará nenhum tópico da mesa.
O primeiro passo entre o Japão e os Estados Unidos seria chegar a um acordo sobre quais temas priorizar, disse Akazawa, acrescentando que nenhuma agenda específica foi oficialmente definida ainda.
Em uma reviravolta surpreendente, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira que reduziria temporariamente as pesadas tarifas que acabara de impor a dezenas de países, aumentando ainda mais a pressão sobre a China.
A tarifa "recíproca" imposta ao Japão foi reduzida para a taxa universal de 10%, dos 24% iniciais, durante a pausa de 90 dias. Uma tarifa de 25% ainda se aplica às importações de automóveis.
Akazawa, juntamente com o secretário-chefe do Gabinete, Yoshimasa Hayashi, liderará a força-tarefa de 37 membros, composta por funcionários de vários ministérios, para buscar concessões dos Estados Unidos em relação às tarifas.
Akazawa, ex-burocrata do Ministério dos Transportes, é conhecido como um dos assessores mais próximos de Ishiba e tem laços profundos com o setor agrícola japonês. A função atual como ministro da Economia é seu primeiro cargo ministerial.
Embora as autoridades do governo tenham revelado pouco sobre a estratégia de negociação de Tóquio com Washington, os parlamentares japoneses começaram a pressionar o governo a tomar medidas para amortecer o possível golpe econômico das tarifas dos EUA.
A coalizão governista, composta pelo Partido Liberal Democrático (PLD) de Ishiba e seu parceiro Komeito, está considerando solicitar um corte na taxa de imposto sobre vendas do Japão, informou o jornal Yomiuri nesta sexta-feira.
O corte de impostos será implementado temporariamente e terá como alvo itens alimentícios, cujos preços têm aumentado constantemente, disse o jornal, citando fontes próximas ao Komeito. Atualmente, a alíquota do imposto sobre vendas do Japão é de 10%, com uma alíquota menor de 8% aplicada a itens alimentícios.
Como a implementação de cortes nos impostos levaria tempo, pois seria necessário que o Parlamento aprovasse a legislação, o governo também deveria entregar pagamentos em dinheiro às famílias, disse o chefe do Komeito, Tetsuo Saito, na reunião de seu partido na quinta-feira, segundo o Yomiuri.
No entanto, algumas autoridades do PLD estão cautelosas quanto ao corte do imposto sobre vendas, uma vez que o tributo é a principal fonte de receita para pagar os custos crescentes do bem-estar social da população japonesa que está envelhecendo rapidamente, disse o Yomiuri.
Os apelos por uma política fiscal expansionista vêm antes de uma eleição para a Câmara Alta, prevista para meados de julho, na qual o PLD provavelmente terá dificuldades devido aos baixos índices de aprovação de Ishiba.
O governo descartou a possibilidade de cortar impostos e compilar um orçamento suplementar para financiar pagamentos em dinheiro, dizendo que é muito cedo para julgar como as tarifas de Trump poderiam afetar a economia.
(Reportagem de Leika Kihara; Reportagem adicional de Kentaro Sugiyama, Yoshifumi Takemoto e Makiko Yamazaki)
((Tradução Redação São Paulo))
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