Por Michael S. Derby
NOVA YORK, 10 Abr (Reuters) - A presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, disse nesta quinta-feira que as grandes tarifas comerciais que estão sendo adotadas pelo governo Trump quase certamente aumentarão a inflação e desacelerarão o crescimento, pelo menos no curto prazo.
Esse ambiente apresenta "trade-offs" desafiadores para o banco central norte-americano em relação à política de taxas de juros, conforme procura equilibrar o controle das pressões sobre os preços e, ao mesmo tempo, estimular o mercado de trabalho, disse Collins em um evento na Universidade de Georgetown.
"Considero a política monetária bem posicionada para lidar com uma ampla gama de possíveis resultados econômicos nesse ambiente altamente incerto", disse Collins. "A manutenção da atual postura da política monetária parece apropriada por enquanto", acrescentou.
Porém, com toda a incerteza, é difícil dizer como a política monetária e a economia em geral se sairão. No curto prazo, a política monetária terá de gerenciar os riscos de alta da inflação e as ameaças de desaceração do crescimento, afirmou Collins. Será particularmente importante para o Fed evitar que expectativas de inflação aumentem muito, acrescentou ela.
Embora Collins espere que a inflação volte para a meta de 2% do Fed em um prazo mais longo, no curto prazo, ela disse que seu banco estima que os níveis do núcleo da inflação podem ficar "bem acima" de 3% com o aumento dos impostos de importação de Trump, mesmo que essas políticas continuem em andamento e sujeitas a mudanças.
Dada a incerteza existente, "a política monetária precisará ser ágil", disse Collins.
"Ainda pode ser apropriado reduzir a taxa básica ainda este ano", disse ela, acrescentando que "novas pressões sobre os preços podem atrasar a normalização da política monetária, já que é necessária a confiança de que as tarifas não estão desestabilizando as expectativas de inflação". Collins também disse que com a inflação alta, "o sinal teria que ser convincente para tomar medidas preventivas contra o risco de que a atividade enfraqueça mais do que o esperado".
((Tradução Redação Brasília))
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