Investing.com — Os índices futuros das ações nos Estados Unidos operam com leve viés de baixa nesta terça-feira, após o rali da véspera, motivado por expectativas de que o pacote tarifário do presidente Donald Trump seja menos abrangente do que o inicialmente anunciado. Na segunda-feira, Trump afirmou que “muitos países” podem ser isentos das tarifas amplas que vêm sendo prometidas nas últimas semanas.
No noticiário corporativo, a Tesla (BVMF:TSLA34) (NASDAQ:TSLA) perdeu participação de mercado na Europa em fevereiro, pressionada por concorrência crescente e pelo envolvimento político do CEO, Elon Musk.
No mercado de commodities, o petróleo sobe, em meio à tensão comercial, sanções ao petróleo venezuelano e negociações de paz na Ucrânia.
No Brasil, o mercado analisa a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do banco central, após sinalizações de continuidade do aperto no curto prazo.
Os índices futuros dos EUA operam próximos à estabilidade, sugerindo uma pausa após o forte movimento de alívio observado na segunda-feira.
Às 8h10 de Brasília, o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq 100 registravam leve queda de 0,3% cada um, no mercado futuro.
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Na última sessão, os principais índices de Nova York encerraram com ganhos expressivos, apoiados na percepção de que as novas tarifas comerciais de Trump serão mais focadas e menos agressivas do que o esperado. O S&P 500 subiu 1,8%, alcançando seu maior nível de fechamento em mais de duas semanas.
Segundo informações da Bloomberg News e do Wall Street Journal, o pacote tarifário previsto para 2 de abril não deve atingir os setores automotivo, de semicondutores e farmacêutico — em contraste com declarações anteriores do presidente.
Com isso, ações como Nvidia (NASDAQ:NVDA) e Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) lideraram os ganhos, dando impulso ao índice PHLX de semicondutores, que avançou 3%. A Tesla também teve seu melhor desempenho diário desde novembro, com investidores apostando que a fabricante pode se beneficiar de tarifas mais brandas.
Na segunda-feira, Trump declarou que as tarifas sobre automóveis seguem em pauta, mas indicou que nem todas as medidas previstas para o início de abril serão efetivamente implementadas.
Ao conversar com repórteres, o presidente afirmou que “muitos países” podem receber isenções, embora não tenha fornecido detalhes adicionais. De acordo com a Casa Branca, a definição da data e dos setores específicos ficará a cargo de Trump.
Essas declarações alimentaram a expectativa de que o governo norte-americano poderá adotar uma postura mais negociadora, o que trouxe algum alívio ao mercado diante do temor de impactos negativos sobre a economia.
Ainda nesta terça-feira, o comissário de comércio da União Europeia se reunirá com autoridades norte-americanas em Washington, segundo fontes citadas por veículos da imprensa. No início do mês, o bloco europeu havia adiado medidas retaliatórias contra aço e alumínio dos EUA, buscando espaço para negociações com a gestão Trump.
Paralelamente, Trump afirmou que aplicará tarifas de 25% a qualquer país que compre petróleo e gás da Venezuela, ampliando ainda mais o escopo tarifário anunciado nas últimas semanas.
As vendas da Tesla na Europa recuaram pouco mais de 40% em fevereiro, em meio à intensificação da concorrência no segmento de veículos elétricos e à crescente exposição política de Elon Musk.
Nos mercados da União Europeia, Associação Europeia de Livre Comércio e Reino Unido (TADAWUL:4280), a Tesla comercializou 16.888 unidades, uma queda anual de 40,1%. No acumulado do ano, a retração chega a 42,6%.
A participação de mercado da empresa caiu para 1,8%, ante 2,8% no mesmo período de 2024, conforme dados divulgados nesta terça-feira pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.
A retração nas vendas ocorreu apesar do crescimento de 26,1% nos registros de veículos elétricos a bateria na região. Fabricantes como a chinesa SAIC se destacaram, registrando forte expansão.
Além da defasagem na linha de produtos frente a concorrentes mais modernos — e com preços mais agressivos —, a Tesla também enfrenta críticas relacionadas ao envolvimento de Musk com figuras da extrema-direita na Europa e à sua proximidade com Donald Trump.
Delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia devem se reunir nesta terça-feira na Arábia Saudita, em continuidade ao diálogo iniciado com a Rússia no dia anterior.
Em comunicado em vídeo, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski confirmou que os encontros acontecerão hoje.
As conversas entre Washington e Moscou na segunda-feira tiveram como foco um possível cessar-fogo parcial na região do Mar Negro, medida que a administração Trump espera transformar em uma oportunidade para negociações mais amplas.
Segundo fontes russas, o diálogo foi classificado como “difícil, mas construtivo”. A Casa Branca também apontou avanços, de acordo com informações da Reuters.
Trump tem sinalizado uma abordagem de reaproximação com Moscou como estratégia para acelerar uma resolução diplomática do conflito, contrastando com a linha crítica adotada por seu antecessor Joe Biden.
Os preços do petróleo mantêm tendência de alta nesta terça-feira, estendendo os ganhos da sessão anterior após o anúncio de tarifas sobre países que importam petróleo venezuelano.
Na segunda-feira, o presidente Trump anunciou uma alíquota de 25% sobre essas importações, medida que atingiria diretamente a China, maior compradora do petróleo da Venezuela.
O mercado avalia que a medida pode provocar um estreitamento relevante no equilíbrio global entre oferta e demanda, sustentando os preços das commodities energéticas.
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O mercado brasileiro aguarda a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Copom, após o comitê elevar a Selic, taxa básica de juros, para 14,25% e sinalizar a continuidade do aperto no curto prazo. Na próxima quarta-feira, será divulgado o IPCA-15 de março pelo IBGE, considerado uma “prévia” da inflação oficial. O indicador acumula alta anual de 4,96% até fevereiro, acima da meta de inflação perseguida pelo banco central.
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Ontem, o mercado reagiu a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, apesar de afirmar que estava “confortável” com a estrutura do arcabouço fiscal, reconheceu que seus parâmetros podem ser ajustados no futuro, especialmente se houver estabilidade na dívida pública, queda da Selic e inflação mais baixa.
Segundo ele, a atual regra corrige falhas do antigo teto de gastos e da Lei de Responsabilidade Fiscal, ao permitir um crescimento real das despesas públicas entre 0,6% e 2,5% acima da inflação, com flexibilidade para investimentos em caso de superávit.
Haddad defendeu ainda que mudanças pontuais não comprometeriam a credibilidade do modelo e reiterou confiança na arquitetura das regras, sinalizando que o governo pode, assim como em 2024, propor medidas complementares para fortalecer o arcabouço.
A ideia de flexibilização das regras fiscais gerou ruídos no mercado e aumentou a percepção de risco, com alta do dólar, avanço nas taxas dos juros futuros (DI) e queda do Ibovespa.
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