Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operam em alta no início desta segunda-feira, após relatos indicarem que o anúncio tarifário do presidente dos EUA, Donald Trump, deve ser menos abrangente do que se imaginava. Segundo a Bloomberg News, o mandatário prepara medidas mais direcionadas para a próxima semana.
Enquanto isso, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, convoca eleições antecipadas para abril, em meio a ameaças tarifárias vindas de Washington.
No mercado de commodities, o ouro sobe, após corrigir em relação às máximas históricas.
No Brasil, viagem de Lula à Ásia, denúncia contra Bolsonaro e dados econômico-financeiros serão os destaques da semana.
Os contratos futuros de ações dos EUA registram alta, enquanto investidores monitoram a aproximação do prazo estabelecido por Trump para a imposição de tarifas recíprocas e aguardam a divulgação de dados econômicos relevantes ao longo da semana.
Às 8 horas de Brasília, o Dow Jones subia 0,92%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 avançavam 1,11% e 1,35%, respectivamente, no mercado futuro.
CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street
Na semana anterior, os principais índices encerraram as negociações com valorização, acompanhados pela apreciação do dólar. Esse movimento se deveu à sinalização de que Trump poderia adotar uma postura mais flexível em relação às tarifas previstas para entrar em vigor em 2 de abril. O S&P 500, o Nasdaq Composite e o Dow Jones Industrial Average fecharam a semana com ganhos.
Apesar disso, persistem incertezas quanto aos impactos dessas mudanças sobre a atividade empresarial e a trajetória da economia. Setores como semicondutores, materiais e empresas de menor capitalização – considerados mais vulneráveis a uma eventual desaceleração – limitaram o desempenho positivo das ações na última sexta-feira.
De acordo com a Bloomberg, o anúncio previsto para o dia 2 de abril – data simbólica apelidada de “Dia da Libertação” – deverá trazer medidas tarifárias mais seletivas. Trump já havia sinalizado a intenção de impor tarifas abrangentes tanto a aliados quanto a rivais comerciais, mas o novo pacote pode isentar determinados países ou blocos econômicos, conforme fontes próximas ao presidente.
A publicação também destaca que tarifas específicas por setor, cogitadas anteriormente, não devem ser incluídas neste anúncio. Ainda assim, as novas alíquotas serão implementadas de forma imediata, o que deve desencadear retaliações comerciais por parte de outras nações. Países que mantêm superávit comercial com os EUA, mas não impõem barreiras ao produto americano, podem ser poupados das medidas.
Para analistas da Vital Knowledge, “ações mais direcionadas são preferíveis a alternativas mais amplas, mas as mudanças comerciais em pauta seguem sendo profundas e podem trazer efeitos adversos sobre a economia e os lucros corporativos no curto e médio prazo”.
No Canadá, o primeiro-ministro Mark Carney convocou eleições antecipadas para 28 de abril, alegando que precisa de um mandato firme para enfrentar as ameaças vindas dos Estados Unidos. As tensões bilaterais aumentaram desde o retorno de Trump à presidência. Entre as ações já adotadas por Washington estão: adiamento de uma tarifa de 25% sobre produtos canadenses, imposição de taxas sobre aço e alumínio e ameaças de novas tarifas sobre laticínios e madeira. Trump chegou a insinuar que os EUA poderiam anexar o Canadá como seu “51º estado”.
As provocações levaram o governo canadense a responder com medidas comerciais equivalentes e a exigir respeito por parte dos EUA. Economistas alertam que tarifas elevadas podem afetar negativamente a economia canadense, fortemente dependente das exportações para o mercado americano.
Carney assumiu o cargo em 14 de março, após vencer a eleição interna do Partido Liberal, sucedendo Justin Trudeau. Ex-presidente do Banco Central, Carney afirma buscar diálogo com Trump, mas classificou as ações e declarações do líder americano como “a crise mais grave de nossas vidas”.
Nos EUA, investidores acompanham os próximos indicadores de atividade empresarial. O índice preliminar dos gerentes de compras (PMI) composto da S&P Global – que cobre os setores industrial e de serviços – deve recuar levemente para 51,5 em março. Em fevereiro, o índice havia registrado 51,6. A prévia inicial do mês anterior foi de 50,4, o menor nível em 17 meses, sugerindo crescente cautela entre empresas e consumidores quanto ao efeito das tarifas.
Mais adiante na semana, o foco se volta para o índice de preços de despesas com consumo (PCE), indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve. Na semana passada, o banco central manteve os juros estáveis e previu inflação mais elevada com desaceleração econômica. Ainda assim, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a economia dos EUA continua “robusta como um todo”, mesmo com algum enfraquecimento no consumo.
No mercado de metais preciosos, o ouro opera em alta, após recuar em relação aos recordes recentes. A percepção de que as tarifas a serem anunciadas em abril serão menos agressivas do que o temido reduziu a busca por ativos de proteção.
A desvalorização do dólar limitou perdas no ouro, enquanto os preços dos metais em geral registram leve alta. O metal precioso ainda permanece próximo das máximas recentes, sustentado pelas incertezas em torno da economia norte-americana e pelas políticas comerciais do governo Trump.
Além do cenário tarifário, os mercados também acompanham as negociações por um cessar-fogo na guerra da Ucrânia e a escalada das tensões no Oriente Médio.
CONFIRA: Cotação das principais commodities
Nesta semana, a agenda política brasileira é marcada pela viagem internacional do presidente Lula, que visita o Japão e o Vietnã com foco em abrir mercados para produtos brasileiros como carne bovina e aviões da Embraer (BVMF:EMBR3). No Japão, Lula se encontra com o imperador Naruhito e o premiê Shigeru Ishiba. No Vietnã, além de estreitar laços comerciais, o objetivo é formalizar o convite para o país participar da cúpula dos Brics em novembro. A missão oficial é a primeira após o acidente doméstico de Lula em 2024.
No cenário jurídico, o Supremo Tribunal Federal analisa nesta semana a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete envolvidos nas ações que culminaram nos atos extremistas de 8 de janeiro. O julgamento pode torná-los réus por tentativa de golpe de Estado. Em razão de duas condenações, Bolsonaro segue inelegível até 2030. A movimentação judicial tende a dominar o noticiário político em Brasília, enquanto o Congresso Nacional deve operar em ritmo reduzido, devido à ausência de seus presidentes, que acompanham Lula na Ásia.
Na economia, os destaques são a ata do Copom, que detalhará os motivos para a elevação da Selic a 14,25% ao ano, e a divulgação do IPCA-15 de março pelo IBGE, cuja expectativa é de uma alta de 0,7% no mês. A prévia da inflação anualizada pode atingir 5,33%, superando o teto da meta. A temporada de balanços do 4º trimestre de 2024 também começa com Copasa (BVMF:CSMG3) e Sabesp (BVMF:SBSP3) nesta segunda, seguidas por JBS (BVMF:JBSS3), GOL (BVMF:GOLL4), Americanas (BVMF:AMER3), Equatorial (BVMF:EQTL3), entre outras empresas listadas.
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