Investing.com – Os índices futuros das ações nos EUA registravam queda no início desta quinta-feira, com os mercados repercutindo o tom cauteloso do Federal Reserve (Fed) em sua decisão sobre as taxas de juros ontem.
O banco central norte-americano indicou que manterá uma postura paciente em relação a ajustes futuros na política monetária, diante das incertezas sobre os efeitos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump na economia como um todo.
Além disso, o CEO da Nvidia (NASDAQ:NVDA), Jensen Huang, revelou ao Financial Times que a gigante de semicondutores pretende investir centenas de bilhões de dólares em chips fabricados nos EUA nos próximos quatro anos.
No Brasil, o banco central iguala a taxa nominal de juros ao pico da crise de 2016 e sinaliza mais aperto pela frente.
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O Federal Reserve manteve as taxas de juros inalteradas, conforme esperado, destacando que adotará uma abordagem cautelosa nas próximas decisões devido à incerteza em torno das tarifas propostas por Trump.
As declarações reforçam a postura de espera que o banco central já havia adotado no início do ano, enquanto autoridades avaliam os impactos dessas tarifas sobre a inflação e a economia em geral.
O Fed reduziu sua projeção de crescimento para 2025 e alertou que a turbulência causada pelas tarifas está ampliando as incertezas no cenário econômico.
“A inflação começou a subir”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltando que “pode haver um atraso na continuidade do progresso ao longo deste ano”.
Ainda assim, o banco central evitou precificar uma disparada prolongada dos preços ou uma desaceleração econômica mais forte. Powell enfatizou que os impactos das tarifas de Trump ainda são incertos, indicando que a política monetária será ajustada conforme os desdobramentos das tensões comerciais.
Os contratos futuros das ações nos EUA operam em baixa nesta quinta-feira, repercutindo o tom cauteloso adotado pelo Fed ontem.
Às 8h de Brasília, o Dow Jones recuava 0,37%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 se desvalorizavam 0,69% no mercado futuro.
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Os principais índices encerraram a sessão anterior em alta, devido ao aumento das apostas em cortes de juros pelo Fed neste ano. Agora, investidores precificam um total de 68 pontos-base em reduções, acima dos 56 pontos-base projetados antes do anúncio do Fed, o que equivale a dois cortes de 0,25 ponto percentual cada.
O banco central também sinalizou que irá desacelerar o processo de redução do seu balanço patrimonial, movimento que analistas interpretaram como uma tentativa de preservar a estabilidade dos mercados.
Apesar do avanço, as ações ainda não recuperaram as perdas recentes causadas pela escalada das tensões comerciais. O S&P 500 já recuou 8% no último mês, eliminando os ganhos registrados logo após a reeleição de Trump em novembro. O aumento dos spreads entre os rendimentos dos títulos corporativos e dos Treasuries indica a preocupação do mercado com os impactos das tarifas.
A Nvidia pretende investir centenas de bilhões de dólares na compra de chips e componentes eletrônicos fabricados nos EUA ao longo dos próximos quatro anos, afirmou o CEO Jensen Huang em entrevista ao Financial Times.
Segundo Huang, a empresa deve adquirir aproximadamente meio trilhão de dólares em eletrônicos nesse período, com uma parte expressiva desse montante sendo produzida em solo americano.
Ele também mencionou que a Nvidia agora consegue fabricar seus sistemas mais recentes com fornecedores dos EUA, como a TSMC e a Foxconn (SS:601138), além de destacar a crescente concorrência da chinesa Huawei.
As declarações de Huang seguem a mesma linha de outros grandes líderes do setor de tecnologia. Em março, a Apple (NASDAQ:AAPL) já havia anunciado planos para destinar centenas de bilhões de dólares ao fortalecimento de suas operações nos EUA.
Os preços do ouro atingiram um novo recorde nesta quinta-feira, beneficiados pelo enfraquecimento do dólar após o Fed sinalizar pelo menos mais dois cortes de juros neste ano.
O metal precioso prolongou sua sequência de ganhos recentes, graças à demanda por ativos de proteção, em meio ao colapso do cessar-fogo entre Israel e Hamas, às oscilações nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e às incertezas sobre a economia dos EUA sob o governo Trump.
No momento da redação, o ouro devolvia parte dos ganhos, recuando 0,07%, negociado a US$ 3.039,20 por onça, após atingir o pico histórico de US$ 3.057,21.
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Enquanto isso, os preços do petróleo também registravam alta, estendendo a recuperação recente diante de sinais de forte demanda nos EUA, maior consumidor global de combustíveis. O bitcoin, por sua vez, apresentava valorização.
Em decisão amplamente esperada, o Comitê de Política Monetária (Copom), do banco central, elevou a taxa Selic em 1%, para 14,25%, maior patamar desde a crise do governo Dilma Rousseff, e sinalizou a continuidade do aperto.
Como justificativa para a decisão, o comitê citou a persistência de um cenário adverso para a inflação, a elevada incerteza econômica e a necessidade de tempo para que os efeitos da política monetária sejam percebidos, no momento em que a política fiscal do governo segue disposta a manter a atividade aquecida. Recentemente, foram adotadas medidas como a criação de uma nova linha de crédito consignado, a liberação do FGTS e proposta de ampliação da isenção do imposto de renda.
Ontem, uma nova pesquisa, realizada pelo PoderData, confirma a queda de popularidade do governo Lula, com 53% dos eleitores desaprovando a atual administração.
O último boletim Focus estima que a Selic encerre este ano em 15%; para a próxima reunião, em maio, diversos analistas esperam um aumento de 0,50%, sem desconsiderar a possibilidade de uma elevação de menor magnitude, de 0,25%, o que, ainda assim, faria a taxa básica atingir seu maior nível em quase 20 anos.
A dúvida que persiste neste momento é sobre o nível em que a taxa terminará o ciclo de alta e por quanto permanecerá nesse patamar.