O Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil está avaliando a introdução do E30, uma mistura que contém 30% de etanol anidro na gasolina C, como uma estratégia para reduzir significativamente a dependência do país em relação à importação de gasolina A. Em 2024, o Brasil importou 2,87 bilhões de litros de gasolina, 30% menos que em 2023. Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, afirmou que a adoção do E30 pode eliminar a necessidade de importar 700 milhões de litros de gasolina A.
A mudança para o E30 demandaria 1,2 bilhão de litros de etanol, um desafio que o país parece preparado para enfrentar. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que 6,9 bilhões de litros de etanol poderão ser produzidos devido a novos projetos de etanol de milho. Mendes destacou que essa transição não apenas reduziria a dependência externa, mas também geraria empregos e aumentaria a renda.
Os testes para viabilizar essa mistura estão em andamento e são conduzidos pelo Instituto Mauá com a colaboração da indústria automotiva e produtores de biocombustíveis. O relatório final desses testes é esperado para 8 de março. A implementação do E30 também pode alavancar a produção de biocombustíveis, que já atingiu recordes em 2024 com quase 37 bilhões de litros de etanol e mais de 9 bilhões de litros de biodiesel.
Além disso, a produção de biometano aumentou 8,88% em relação ao ano anterior, reforçando o avanço dos biocombustíveis no Brasil. O MME está trabalhando em diversas regulamentações para promover combustíveis sustentáveis, incluindo o armazenamento geológico de CO2, novas regras do RenovaBio, combustível de aviação sustentável (SAF), diesel verde e biometano.
Uma legislação específica para combustíveis marítimos sustentáveis está em desenvolvimento e deve ser discutida no Congresso ainda este ano. O MME também está focado no Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), que poderá fornecer até R$ 800 bilhões em garantias, reduzindo os custos de financiamento para projetos de energia limpa. Mendes mencionou que o Paten é uma prioridade, especialmente em um cenário de alta taxa Selic, podendo oferecer uma vantagem competitiva ao Brasil.