Por Akash Sriram
22 Abr (Reuters) - Investidores da Tesla TSLA.O estão ansiosos para saber se os planos de lançar um carro mais barato e um serviço de táxi-robô neste ano estão no caminho certo, e se o presidente-executivo da montadora, Elon Musk, está pronto para abandonar seu papel no governo Trump em breve e voltar a administrar a empresa mais de perto.
A fabricante de veículos elétricos deve divulgar nesta terça-feira, após o fechamento do mercado, o que provavelmente será sua atualização mais importante sobre as operações desde o lançamento do seu veículo Model 3 em 2017. A Tesla disse no início deste mês que "realizaria uma atualização ao vivo da empresa" junto com seus resultados e a sessão de perguntas e respostas, gerando especulações nas redes sociais de que poderia fazer um grande anúncio.
Analistas preveem um primeiro trimestre ruim, com base em indicadores recentes. As entregas no período de janeiro a março caíram 13%, com a empresa perdendo terreno para rivais chinesas, enquanto as ações políticas de Musk como conselheiro próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prejudicaram a marca.
A Tesla enfrentou protestos, vandalismo e pedidos de boicote de consumidores em vários mercados, e as vendas na China e na Califórnia — seu maior mercado nos EUA — também caíram drasticamente.
Alguns investidores têm uma visão mais negativa da antiga queridinha de Wall Street. As ações da empresa, que fecharam a US$227,42 na segunda-feira, caíram quase pela metade em relação ao pico de dezembro.
A margem bruta automotiva da Tesla, excluindo créditos regulatórios, provavelmente deve ter recuado para 11,8% no primeiro trimestre, de acordo com 21 analistas consultados pela Visible Alpha, ante 13,6% no quarto trimestre. Analistas esperam que a tendência de queda persista se a Tesla continuar priorizando o crescimento do volume em detrimento da lucratividade.
A fabricante de veículos elétricos abandonou os planos para um modelo totalmente novo e de baixo custo no ano passado, optando por produzir variantes mais baratas usando plataformas e linhas de montagem existentes. A Reuters noticiou com exclusividade na sexta-feira que a Tesla adiou os planos para iniciar a produção de um crossover mais acessível, o Model Y, em pelo menos alguns meses.
Musk prometeu serviços de transporte por aplicativo autônomo ao público no Estado norte-americano do Texas até junho e na Califórnia até o final deste ano. Para tanto, a Tesla vem buscando aprovações regulatórias, mas há sérias preocupações com a segurança e os riscos de litígios relacionados que podem advir da implantação de tecnologia autônoma não comprovada em vias públicas.
Analistas esperam um segundo declínio anual consecutivo nas entregas da Tesla em 2025, apesar dos esforços para impulsionar as vendas por meio de incentivos como carregamento gratuito e recursos de direção totalmente autônoma.
A receita provavelmente ficou estável em relação ao ano passado, em US$21,35 bilhões, apoiada por ganhos em créditos regulatórios e crescimento nos negócios de armazenamento de energia da Tesla.
Tensões tarifárias aumentam ainda mais a incerteza. A Tesla suspendeu algumas importações de componentes provenientes da China depois que as tarifas americanas sobre o país asiático subiram para 145%, informou a Reuters. A China respondeu com tarifas próprias, levando a Tesla a suspender novos pedidos de Model S e X no país.
(Reportagem de Akash Sriram em Bengaluru e Abhirup Roy em San Francisco)
((Tradução Redação São Paulo))