San Francisco, 17 Abr (Reuters) - Decisão de um juiz dos EUA de que o Google tem monopólios ilegais em tecnologia de anúncios (link) abre a possibilidade de promotores norte-americanos buscarem uma dissolução. Veja o que o caso envolve e o que a Alphabet GOOGL.O, dona do Google, enfrenta a partir de agora.
DO QUE SE TRATA?
O mais importante é o que não está em jogo: não se trata de pesquisa, o ganha-pão do Google, embora haja um caso antitruste separado sobre pesquisa. O caso de tecnologia de anúncios do Departamento de Justiça gira em torno da Google Network, uma divisão da empresa que gerencia seu sistema de leilão que os anunciantes usam para comprar espaço publicitário digital. A tecnologia de anúncios escolhe qual anúncio exibir, onde e a que custo.
Promotores federais afirmaram que o poder do Google sobre a tecnologia de anúncios permite que ele se defenda ilegalmente da concorrência, o que prejudica editores da web, como veículos de notícias. O juiz concordou. O argumento do Google foi que ele superou rivais com tecnologia superior.
A publicidade foi responsável por cerca de 75% da receita de US$ 350,02 bilhões da Alphabet em 2024. Os negócios da Google Network foram responsáveis por apenas 8,7% da receita.
O QUE ACONTECE DEPOIS?
O juiz que decidiu pela existência de monopólios ilegais agora ouvirá os argumentos sobre o que fazer. O Departamento de Justiça buscava, no mínimo, a alienação do Google Ad Manager, uma plataforma dentro da divisão Network. O Ad Manager representou 4,1% da receita total e 1,5% do lucro operacional em 2020, de acordo com pesquisa da Wedbush e análise de documentos judiciais.
Números mais recentes foram retirados de documentos judiciais.
QUAL A IMPORTÂNCIA DISSO PARA O GOOGLE?
Erik Hovenkamp, professor da Faculdade de Direito de Cornell, previu anteriormente no caso que, se perdesse, o Google provavelmente teria que alienar parte, não todo, de seus negócios de publicidade gráfica, e o efeito líquido seria uma queda nas receitas de menos de 10%.
O Google até se mostrou aberto a algumas alienações de tecnologia de anúncios. A Reuters relatou pela primeira vez em 18 de setembro que o próprio Google se ofereceu para vender sua bolsa de publicidade (link), que faz parte do Google Ad Manager, para apaziguar os reguladores antitruste europeus. Os editores rejeitaram a proposta, disseram fontes.
ISTO PODERIA TER EFEITOS CASCATA?
A implicação mais séria da decisão pode ser a forma como a empresa administra os efeitos cascata das medidas judiciais em outras partes de seu pacote de tecnologia de anúncios, disse Nikolas Guggenberger, professor de direito na Universidade de Houston. Em teoria, uma vitória do Departamento de Justiça facilitaria a troca de plataformas de tecnologia de anúncios por anunciantes e editores.
Há também o precedente político estabelecido em termos de vontade política: os governos Biden e Trump apoiaram este caso até agora, mostrando um nível quase único de cooperação nos dois lados do espectro político no processo contra as grandes empresas de tecnologia.
Há um caso antitruste separado, de maior relevância, sobre a tecnologia de busca do Google em andamento, e este é um ferimento superficial comparado às implicações de uma perda na busca, dizem analistas. Um juiz em Washington realizará na próxima semana um julgamento relacionado à busca.
ESTE É O FIM?
Não. O Google já anunciou que irá recorrer. O juiz federal deve decidir agora quais serão as soluções para o monopólio ilegal. Levará algum tempo, provavelmente anos, até que isso seja concluído, a menos que um acordo seja firmado.