WASHINGTON, 17 Abr (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedirá a um tribunal federal de apelações dos EUA, nesta quinta-feira, que suspenda a decisão de um juiz que suspendeu as restrições de acesso impostas pela Casa Branca à Associated Press por usar o termo Golfo do México em sua cobertura.
O governo Trump argumentou que a decisão do tribunal de primeira instância, que determina que os jornalistas da AP tenham acesso a eventos de imprensa na Casa Branca, infringe a capacidade do presidente de decidir quem deve ser admitido em espaços sensíveis. A Casa Branca pediu para suspender a decisão enquanto recorre.
A Casa Branca começou a limitar o acesso da AP a Trump em fevereiro, depois que a agência de notícias disse que continuaria a usar o nome Golfo do México, apesar do decreto de Trump para mudar o nome do corpo de água para Golfo da América.
O caso se tornou um ponto crítico no relacionamento de Trump com a imprensa, à medida que a Casa Branca tenta exercer maior controle sobre quem pode fazer perguntas ao presidente republicano e relatar suas declarações em tempo real.
Os advogados da AP acusaram a Casa Branca, na quarta-feira, de desafiar a ordem judicial, continuando a excluir seus jornalistas de alguns eventos e, em seguida, limitando o acesso de todas as agências de notícias, incluindo a Reuters e a Bloomberg, a Trump.
A Casa Branca argumentou que a AP não tem direito ao que o governo chamou de acesso especial ao presidente.
A decisão de 8 de abril do juiz distrital dos EUA Trevor McFadden, nomeado por Trump durante seu primeiro mandato, ordenou temporariamente que o governo permitisse que os jornalistas da AP participassem de eventos abertos a tipos semelhantes de organizações de notícias no Salão Oval e no Air Force One, bem como em espaços maiores na Casa Branca, enquanto a ação judicial segue adiante.
A AP processou três dos principais assessores de Trump, alegando que as restrições são uma tentativa de coagir a imprensa a usar a linguagem preferida do governo e que haviam prejudicado sua capacidade de cobrir Trump.
McFadden concluiu que as medidas retaliaram a AP por suas escolhas de cobertura, provavelmente violando as proteções à liberdade de expressão previstas na Constituição dos EUA.
O painel de três juízes que ouvirá o recurso da Casa Branca na tarde desta quinta-feira inclui dois juízes de circuito que Trump nomeou durante seu primeiro mandato, Gregory Katsas e Neomi Rao, bem como a juíza Cornelia Pillard, nomeada pelo presidente democrata Barack Obama.
A AP alegou, e McFadden concordou, que a Casa Branca escolheu a AP porque ela publica um influente manual de redação, que define os padrões de linguagem e gramática usados por muitas organizações de notícias dos EUA.
A AP diz em seu manual de redação que o Golfo do México tem esse nome há mais de 400 anos e, como uma agência de notícias global, a AP se referirá a ele por seu nome original, embora reconheça o novo nome escolhido por Trump.
(Reportagem de Andrew Goudsward)
((Tradução Redação São Paulo))
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