Por Jonathan Landay e Humeyra Pamuk
WASHINGTON, 15 Abr (Reuters) - O escritório de orçamento da Casa Branca propôs o fim do financiamento para missões de manutenção da paz das Nações Unidas, citando os fracassos das operações em Mali, Líbano e República Democrática do Congo, mostraram documentos internos de planejamento vistos pela Reuters.
Washington é o maior contribuinte da ONU -- com a China em segundo lugar -- respondendo por 22% dos US$3,7 bilhões do orçamento regular da ONU e 27% dos US$5,6 bilhões do orçamento de manutenção da paz. Esses pagamentos são obrigatórios.
Os cortes propostos para a manutenção da paz estão incluídos no chamado "Passback", resposta do Escritório de Gestão e Orçamento (OMB, na sigla em inglês) às solicitações de financiamento do Departamento de Estado para o próximo ano fiscal, que começa em 1º de outubro. O plano geral quer reduzir o orçamento do Departamento de Estado aproximadamente pela metade.
O novo orçamento deve ser aprovado pelo Congresso, e os parlamentares podem decidir restaurar parte ou todo o financiamento que o governo propôs cortar.
O Departamento de Estado deveria responder à proposta do OMB nesta terça-feira. Durante o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, ele propôs cortar cerca de um terço dos orçamentos de diplomacia e ajuda. Mas o Congresso, que define o orçamento do governo federal, rejeitou a proposta do republicano.
"Não há um plano final, um orçamento final", disse a jornalistas a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, nesta terça-feira ao ser questionada sobre as propostas do OMB.
O OMB propôs o fim das Contribuições para Atividades Internacionais de Manutenção da Paz (Cipa).
"Por exemplo, o Passback não fornece financiamento para as Cipa, encerrando as contribuições para a manutenção da paz internacional devido aos recentes fracassos na manutenção da paz, como na Minusma, Unifil e Monusco, e o nível desproporcionalmente alto de contribuições", de acordo com um trecho do Passback.
OS EUA EM ATRASO
O orçamento de manutenção da paz das Nações Unidas financia nove missões em Mali, Líbano, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Saara Ocidental, Chipre, Kosovo, entre a Síria e as Colinas de Golã ocupadas por Israel e Abyei, área administrativa administrada em conjunto pelo Sudão do Sul e pelo Sudão.
O OMB Passback também propôs a criação de um Fundo de Oportunidades America First (A1OF) de US$2,1 bilhões, que seria usado para cobrir um conjunto limitado de prioridades de assistência econômica e de desenvolvimento no exterior.
"Caso o governo busque pagar quaisquer contribuições para o Orçamento Regular das Nações Unidas ou contribuições de manutenção da paz, procuraremos fornecer esse financiamento a partir do A1OF", diz o OMB Passback.
Os EUA devem -- em relação a atrasos e ao ano fiscal atual -- quase US$1,5 bilhão para o orçamento regular da ONU e quase US$1,2 bilhão para o orçamento de manutenção da paz. Um país pode ficar até dois anos em atraso antes de enfrentar uma possível repercussão de perder seu voto na Assembleia Geral de 193 membros.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse no mês passado que está buscando maneiras de melhorar a eficiência e cortar custos, já que o órgão mundial completa 80 anos neste ano em meio a uma crise de caixa.
(Reportagem e redação adicionais de Michelle Nichols)
((Tradução Redação Brasília))
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