Por Jonathan Allen
NOVA YORK, 15 Abr (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou retirar de Harvard o status que lhe garante isenção de impostos nesta terça-feira e disse que a universidade deveria se desculpar, um dia após a instituição rejeitar o que chamou de exigências ilegais de revisão de programas acadêmicos para manter subsídios federais.
Começando pela Universidade de Columbia, o governo Trump repreendeu universidades de todo o país pela forma como lidaram com o movimento de protesto estudantil pró-palestino que agitou os campi no ano passado após o ataque liderado pelo Hamas em 2023 dentro de Israel e os subsequentes ataques israelenses a Gaza.
Trump chamou os protestos de antiamericanos e antissemitas, acusou as universidades de propagar o marxismo e a ideologia da "esquerda radical" e prometeu acabar com os subsídios e contratos federais para as instituições que não concordarem com as exigências de seu governo.
Trump disse em uma postagem em mídia social nesta terça-feira que avalia tentar acabar com o status de isenção fiscal de Harvard caso ela continue a promover o que ele chamou de "doença política, ideológica e inspirada/apoiada por terroristas?".
Ele não disse como faria isso. De acordo com o código tributário dos EUA, a maioria das universidades é isenta do imposto de renda federal porque são consideradas "operadas exclusivamente" para fins educacionais públicos.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas que Trump queria um pedido de desculpas de Harvard pelo que chamou de "antissemitismo que ocorreu em seu campus universitário contra estudantes judeus americanos".
Ela acusou Harvard e outras universidades de violar o Título 6 da Lei de Direitos Civis, que proíbe a discriminação de beneficiários de financiamento federal com base em raça ou origem nacional.
De acordo com o Título 6, os fundos federais podem ser cancelados somente após um longo processo de investigação, audiências e uma notificação de 30 dias ao Congresso, o que não ocorreu em Columbia ou Harvard.
Alguns professores e alunos disseram que os protestos estão sendo injustamente confundidos com antissemitismo como pretexto para um ataque inconstitucional às liberdades acadêmicas.
Columbia, universidade privada da cidade de Nova York, concordou com as negociações sobre as exigências de endurecer suas regras de protesto após o governo Trump dizer, no mês passado, que havia rescindido concessões e contratos no valor de US$400 milhões, principalmente para pesquisas médicas e outras pesquisas científicas.
Em uma carta na segunda-feira, o presidente de Harvard, Alan Garber, rejeitou as exigências do governo Trump de que a instituição encerrasse seus esforços relacionados à diversidade e tomasse outras medidas para garantir o financiamento, considerando-as "afirmações de poder sem precedentes, desvinculadas da lei" que violavam os direitos constitucionais de liberdade de expressão da escola e a Lei de Direitos Civis.
Assim como Columbia, ele disse que Harvard havia trabalhado para combater o antissemitismo e outros preconceitos em seu campus, preservando as liberdades acadêmicas e o direito de protestar.
Horas depois da divulgação da carta de Garber, a Força-Tarefa Conjunta de Combate ao Antissemitismo do governo Trump disse que estava congelando contratos e subsídios para Harvard, a universidade mais antiga e mais rica do país, no valor de mais de US$2 bilhões. O governo não respondeu a perguntas sobre quais subsídios e contratos foram cortados, e Harvard não respondeu a um pedido de comentário.
(Reportagem de Jonathan Allen; em Nova York; reportagens adicionais de Jeff Mason em Washington, Brad Brooks, Luc Cohen e Andrew Goudsward)
((Tradução Redação Brasília))
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