Por Brad Brooks
14 Abr (Reuters) - O presidente de Harvard, Alan Garber, escreveu em uma carta pública nesta segunda-feira que Harvard está resistindo às exigências do Departamento Federal de Educação que ameaçam "nossos valores como instituição privada dedicada à busca, produção e disseminação do conhecimento".
"Nenhum governo -- independentemente do partido que esteja no poder -- deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem elas podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa elas podem seguir", acrescentou.
O Departamento de Educação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A carta de Garber foi uma resposta a uma carta enviada na sexta-feira pelo departamento fazendo uma série de exigências a Harvard, incluindo o encerramento de programas de diversidade, equidade e inclusão, amplamente visados pelo governo, e o lançamento de auditorias em alguns de seus departamentos acadêmicos.
O governo do presidente Donald Trump congelou centenas de milhões de dólares em verbas federais para várias universidades, pressionando as instituições a fazerem mudanças políticas e em outras áreas, citando o que diz ser um fracasso no combate ao antissemitismo no campus. A repressão levantou preocupações sobre a liberdade de expressão e acadêmica.
A questão surgiu antes de Trump assumir seu segundo mandato, em meio a protestos de estudantes pró-palestinos no ano passado em várias universidades após o ataque do Hamas em 2023 a Israel e os subsequentes ataques israelenses em Gaza.
O porta-voz da Casa Branca, Harrison Fields, disse em um comunicado que Trump estava "trabalhando para tornar o ensino superior grande novamente, acabando com o antissemitismo descontrolado e garantindo que o dinheiro do contribuinte federal não financie o apoio de Harvard à discriminação racial perigosa ou à violência por motivos raciais".
Na semana passada, um grupo de professores de Harvard entrou com um processo para bloquear a revisão do governo Trump de quase US$9 bilhões em contratos e subsídios federais concedidos à universidade.
O governo Trump estaria considerando forçar a Columbia, outra escola da Ivy League, a acatar um decreto de consentimento, que obrigaria legalmente a instituição a seguir as diretrizes federais sobre como combater o antissemitismo.
Alguns professores da Columbia, como os de Harvard, processaram o governo federal em resposta. O governo suspendeu US$400 milhões em verbas e subsídios federais para a Columbia.
O presidente de Harvard, Garber, disse que as exigências do governo federal de "auditar" os pontos de vista de seus alunos, professores e funcionários para descobrir pensadores de esquerda que geralmente se opõem ao governo Trump violam claramente os direitos de liberdade de expressão da Primeira Emenda da universidade.
"A Universidade não abrirá mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais", escreveu Garber.
Ele acrescentou que, embora Harvard esteja tomando medidas para combater o antissemitismo no campus, "esses objetivos não serão alcançados por meio de afirmações de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e o aprendizado em Harvard e ditar como operamos".
Em janeiro, a Harvard concordou em oferecer proteções adicionais aos estudantes judeus em um acordo para encerrar duas ações judiciais que acusavam a escola da Ivy League de se tornar um foco de antissemitismo.
Para aliviar uma crise de financiamento criada por qualquer corte no financiamento federal, Harvard está trabalhando para obter um empréstimo de US$750 milhões de Wall Street.
(Reportagem de Brad Brooks, no Colorado; reportagens adicionais de Jonathan Allen, em Nova York, e Nate Raymond, em Boston)
((Tradução Redação Brasília))
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