Por Ana Mano e Luciana Magalhaes
SÃO PAULO, 14 Abr (Reuters) - A JBS JBSS3.SA, maior processadora de carnes do mundo, parece ter dado mais um passo rumo à obtenção das aprovações necessárias para uma listagem primária de ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), segundo documento apresentado à SEC, órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos.
A listagem nos EUA, que vem sendo planejada há anos, daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores e poderia ajudar a companhia, que atualmente tem listagem primária no Brasil, a elevar seu "valuation", aproximando-a de seus pares no setor.
No documento protocolado na sexta-feira, a empresa projeta que seu conselho de administração poderá se reunir em 22 de abril para convocar uma assembleia geral de acionistas, onde os acionistas decidirão pela aprovação ou não do plano de "dupla listagem" da companhia.
A assembleia geral pode ocorrer por volta de 23 de maio, com possibilidade de o início da negociação das ações da JBS em Nova York ocorrer por volta de 12 de junho, segundo documento à SEC.
Para Igor Guedes, analista de ações da Genial Investimentos, as datas indicadas parecem ser um "bom sinal", sugerindo que a JBS está otimista quanto ao cronograma de listagem nos EUA. Ele observou, no entanto, que o cronograma não está totalmente sob controle da empresa.
Uma fonte com conhecimento do processo de listagem afirmou que a SEC solicitou à JBS a estimativa de datas possíveis para a entrega do formulário F-4, utilizado para registrar valores mobiliários de emissores estrangeiros privados. A fonte reforçou que as datas ainda são provisórias e podem ser alteradas.
"A Assembleia Geral da JBS S.A., provisoriamente marcada para 23 de maio de 2025, não será convocada se a declaração de registro no Formulário F-4, da qual este prospecto faz parte, não for efetivada", afirmou a companhia no documento, indicando que ainda precisa da aprovação do regulador norte-americano para seguir com o plano.
Com a dupla listagem, as ações da JBS passariam a ser negociadas tanto nos EUA quanto no Brasil, onde a empresa emitirá BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
No mês passado, o BNDESPar, segundo maior acionista da JBS e o braço de participações do BNDES, anunciou que se absteria de votar na próxima assembleia de acionistas. A decisão foi bem recebida pelo mercado, impulsionando as ações da companhia, uma vez que havia incerteza quanto ao apoio do BNDESPar à estratégia da empresa de se listar nos EUA.
Procurada, a JBS não quis comentar. A SEC não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
(Reportagem de Ana Mano e Luciana Magalhães, em São Paulo)
((Edição Redação São Paulo))
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