Por Anastasiia Malenko
KIEV, 10 Abr (Reuters) - A Ucrânia disse aos Estados Unidos que aceitar restrições ao tamanho de suas Forças Armadas ou à prontidão geral de seus militares seria uma linha vermelha, disse uma autoridade ucraniana graduada, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, se esforça para negociar o fim da guerra com a Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que deseja que o tamanho do Exército da Ucrânia seja limitado. Ele também disse que Kiev deve desistir de suas ambições de se juntar à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e que Moscou deve controlar a totalidade de quatro regiões ucranianas que ela reivindica como suas.
"Essa é uma posição de princípio da Ucrânia -- ninguém, e certamente não o país agressor, a Rússia, ditará à Ucrânia que tipo de Forças Armadas a Ucrânia deve ter", disse Pavlo Palisa, vice-chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, à Reuters em uma entrevista.
Palisa fez parte da delegação ucraniana que se reuniu com autoridades norte-americanas para conversações na Arábia Saudita no mês passado.
Um Exército ucraniano bem preparado seria a melhor garantia de segurança de Kiev contra novos ataques russos se e quando um cessar-fogo ou acordo de paz for alcançado, disse ele.
"Posso imaginar o que está guiando a Federação Russa -- talvez eles queiram se preparar para facilitar as coisas para eles mesmos no futuro, mas não. Nossa tarefa é aprender bem as lições (do passado)", acrescentou Palisa.
Durante uma primeira reunião com autoridades norte-americanas na Arábia Saudita, a Ucrânia concordou com um cessar-fogo incondicional de 30 dias proposto pelos EUA, e após isso Washington retomou a ajuda militar e o compartilhamento de informações com Kiev após uma breve pausa.
Mas a Rússia disse que condições cruciais precisavam ser resolvidas antes que um cessar-fogo possa ser alcançado. Os lados concordaram separadamente em interromper os ataques às instalações de energia um do outro, mas desde então têm se acusado mutuamente de desrespeitar os acordos.
Kiev diz que pode realizar uma nova rodada de negociações com autoridades norte-americanas na próxima semana.
As autoridades ucranianas afirmam que compartilharam com os Estados Unidos as evidências dos ataques russos à infraestrutura de energia. Kiev está honrando o acordo, disse Palisa.
O governo de Trump tem pressionado por um fim rápido da guerra em grande escala lançada pela Rússia em fevereiro de 2022, mas um acordo de paz duradouro parece estar longe de ser iminente.
Os combates continuam e o principal general da Ucrânia disse que uma nova ofensiva russa já está em andamento no nordeste do país. A Rússia já controla cerca de um quinto do território ucraniano.
Além da questão de suas Forças Armadas, a Ucrânia afirmou que nunca reconhecerá a soberania russa sobre as terras ucranianas, embora tenha reconhecido publicamente que não será possível recuperar parte do território pela força.
((Tradução Redação São Paulo))
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