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Em reviravolta surpreendente, Trump volta atrás sobre algumas tarifas e mercados disparam

Reuters10 de abr de 2025 às 02:06

WASHINGTON, 9 Abr (Reuters) - Em uma reviravolta surpreendente, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que reduziria temporariamente as pesadas tarifas impostas a dezenas de países e aumentaria ainda mais a pressão sobre a China, fazendo com que o mercado acionário norte-americano disparasse.

A reviravolta de Trump, que se deu menos de 24 horas após a implementação de novas tarifas à maioria dos parceiros comerciais, ocorreu após o episódio mais intenso de volatilidade do mercado financeiro desde os primeiros dias da pandemia da Covid-19. A turbulência apagou trilhões de dólares dos mercados de ações e levou a um aumento inquietante nos rendimentos dos títulos do governo dos EUA que pareceu chamar a atenção de Trump.

"Achei que as pessoas estavam um pouco exageradas, que estavam ficando "yippy", sabe", disse Trump aos repórteres após o anúncio, referindo-se a um termo do golfe.

Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump tem ameaçado repetidamente com uma série de medidas punitivas contra parceiros comerciais, apenas para revogar algumas delas no último minuto. A abordagem vaivém tem confundido os líderes mundiais e assustado os executivos de negócios, que dizem que a incerteza tem dificultado a previsão das condições de mercado.

Os eventos do dia deixaram em evidência a incerteza que cerca as políticas de Trump e como ele e sua equipe as criam e implementam.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o recuo sempre foi o plano para levar os países à mesa de negociações. Trump, no entanto, indicou mais tarde que o quase pânico nos mercados que se desenrolou desde seus anúncios de 2 de abril havia influenciado seu pensamento. Apesar de insistir por dias que suas políticas nunca mudariam, ele disse aos repórteres nesta quarta-feira: "É preciso ser flexível".

Mas ele manteve a pressão sobre a China, o segundo maior fornecedor de importações dos EUA. Trump disse que aumentaria a tarifa sobre as importações chinesas para 125% em relação ao nível de 104% que entrou em vigor à meia-noite, aumentando ainda mais um confronto de alto risco entre as duas maiores economias do mundo. Os dois países têm trocado aumentos de tarifas repetidamente na última semana.

A reversão de Trump sobre as tarifas específicas de cada país não é absoluta. Uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações dos EUA permanecerá em vigor, informou a Casa Branca. O anúncio também não parece afetar as tarifas sobre automóveis, aço e alumínio que já estão em vigor.

O congelamento de 90 dias também não se aplica às tarifas pagas pelo Canadá e pelo México, porque seus produtos ainda estão sujeitos a tarifas de 25% relacionadas ao fentanil se não estiverem em conformidade com as regras de origem do acordo comercial entre os EUA, México e Canadá. Essas tarifas permanecem em vigor até o momento, com uma isenção indefinida para produtos em conformidade com o USMCA.

"É improvável que a China mude sua estratégia: manter-se firme, absorver a pressão e deixar que Trump se exceda. Pequim acredita que Trump vê as concessões como uma fraqueza e, portanto, ceder apenas convida a mais pressão", disse Daniel Russel, vice-presidente de segurança internacional e diplomacia do Asia Society Policy Institute.

"Outros países receberão de bom grado a suspensão da execução por 90 dias -- se ela durar -- mas o efeito chicote dos constantes ziguezagues cria mais incertezas que as empresas e os governos detestam", disse Russel.

Os índices acionários dos EUA dispararam com a notícia, com o índice de referência S&P 500 .SPX fechando em alta de 9,5%. Os rendimentos dos títulos deixaram as máximas anteriores e o dólar se recuperou em relação às moedas consideradas como portos-seguros.

As tarifas de Trump desencadearam uma venda que durou dias e apagou trilhões de dólares das ações globais e pressionou os títulos do Tesouro dos EUA e o dólar, que formam a espinha dorsal do sistema financeiro global. O Canadá e o Japão disseram que interviriam para proporcionar estabilidade, se necessário -- uma tarefa geralmente realizada pelos Estados Unidos em épocas de crise econômica.

Analistas disseram que o aumento repentino nos preços das ações pode não desfazer todos os danos. Pesquisas têm revelado uma desaceleração dos investimentos empresariais e dos gastos das famílias devido às preocupações com o impacto das tarifas, e uma pesquisa Reuters/Ipsos revelou que três em cada quatro norte-americanos esperam que os preços aumentem nos próximos meses.

A Goldman Sachs reduziu sua probabilidade de recessão para 45% após a decisão de Trump, ante 65%, afirmando que as tarifas mantidas em vigor ainda poderiam resultar em um aumento de 15% na taxa geral de tarifas.

O secretário Bessent ignorou as perguntas sobre a turbulência do mercado e disse que a reversão abrupta recompensou os países que atenderam ao conselho de Trump de não retaliar. Ele sugeriu que Trump havia usado as tarifas para criar o máximo de alavancagem nas negociações: "Essa foi a estratégia dele o tempo todo", disse Bessent aos repórteres. "E pode-se até dizer que ele induziu a China a uma posição ruim."

Bessent é a pessoa responsável pelas negociações entre os países, que podem tratar de ajuda externa e cooperação militar, além de questões econômicas. Trump já conversou com os líderes do Japão e da Coreia do Sul, e uma delegação do Vietnã deveria se reunir com autoridades norte-americanas nesta quarta-feira.

Bessent se recusou a dizer quanto tempo as negociações com os mais de 75 países que entraram em contato podem levar.

Trump disse que uma resolução com a China também é possível. Mas as autoridades disseram que priorizarão as negociações com outros países.

"A China quer fazer um acordo", disse Trump. "Eles simplesmente não sabem como fazer isso."

Trump disse aos repórteres que estava considerando uma pausa há vários dias. Na segunda-feira, a Casa Branca denunciou uma notícia de que o governo estava considerando tal medida, chamando-a de "notícia falsa"

Mais cedo nesta quarta-feira, antes do anúncio, Trump tentou tranquilizar os investidores, postando em sua conta no Truth Social: "Fiquem tranquilos! Tudo vai dar certo. Os EUA serão maiores e melhores do que nunca!"

Mais tarde, ele acrescentou: "ESTE É UM ÓTIMO MOMENTO PARA COMPRAR!!!"

((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC

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