WASHINGTON, 9 Abr (Reuters) - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse nesta quarta-feira que o governo Trump pode chegar a acordos tarifários com os aliados, enquanto se prepara para liderar negociações com mais de 70 países nas próximas semanas, mas a China continua sendo um caso isolado devido à sua retaliação.
Bessent, falando em uma conferência da American Bankers Association em Washington, disse que assumirá um papel de liderança nas negociações sobre as tarifas do presidente Donald Trump.
Ele acrescentou que, apesar da turbulência no mercado financeiro, "em geral, as empresas com as quais conversei, as pessoas que vieram, os CEOs, que vieram ao Tesouro, me disseram que a economia está muito sólida".
As tarifas punitivas de Trump, que, segundo o presidente, têm como objetivo eliminar os déficits comerciais dos EUA com muitos países, têm abalado a ordem comercial global, aumentando os temores de recessão e apagando trilhões de dólares do valor de mercado de grandes empresas.
Os mercados globais sofriam ainda mais nesta quarta-feira, com a entrada em vigor das tarifas de 104% sobre os produtos chineses impostas por Trump, e uma líquidação de títulos da dívida dos EUA provocava temores de que os fundos estrangeiros estejam fugindo dos ativos norte-americanos.
Bessent disse que há grande interesse em negociar com os EUA para reduzir as tarifas, observando que Trump já havia conversado com os líderes de Japão e Coreia do Sul, e que as autoridades norte-americanas se reunirão com uma delegação do Vietnã nesta quarta-feira.
"Acho que... no final das contas, provavelmente conseguiremos chegar a um acordo com nossos aliados, com os outros países que têm sido bons aliados militares e não aliados econômicos perfeitos. E então poderemos abordar a China como um grupo", disse Bessent.
Ele acrescentou que as tarifas recíprocas abrangentes anunciadas por Trump na semana passada representam um teto para as tarifas se os países não retaliarem, mas a China não seguiu esse conselho.
"Em termos de escalada, infelizmente, o maior infrator no sistema de comércio global é a China, e ela é o único país que escalou", disse Bessent.
Ele não comentou especificamente sobre a mais recente medida de retaliação da China, que elevou as tarifas sobre as importações dos EUA para 84%, embora tenha dito anteriormente que se trata de uma proposta perdedora em entrevista à Fox Business Network.
Em seu discurso no evento, Bessent citou comentários de um autoridade de alto escalão do governo espanhol que sugeriu que a Europa deveria se alinhar mais estreitamente com a China, dizendo: "Isso seria cortar sua própria garganta".
Bessent alertou que a China continuará produzindo muitos produtos e os despejando nos mercados de outros países, mesmo com o "muro tarifário" dos EUA mantendo esses produtos fora do mercado norte-americano.
(Reportagem de Pete Schroeder, David Lawder e Andrea Shalal)
((Tradução Redação São Paulo))
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