BERLIM, 9 Abr (Reuters) - Os conservadores alemães liderados por Friedrich Merz chegaram a um acordo de coligação com os sociais-democratas de centro-esquerda (SPD), esta quarta-feira, com o objectivo de relançar o crescimento na maior economia da Europa, numa altura em que uma guerra comercial global ameaça criar recessão.
O acordo encerra semanas de negociações entre Merz e o SPD, após ter vencido as eleições de Fevereiro, mas ter ficado muito aquém da maioria, com a Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, a subir para o segundo lugar.
A pressão para chegar a um acordo assumiu uma nova urgência, já que o governo vai assumir o comando numa altura de turbulência global, numa escalada do conflito comercial desencadeada pelas tarifas de importação do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O acordo "é um sinal muito forte e claro para os cidadãos do nosso país. E é também um sinal claro para os nossos parceiros na UE", disse Merz durante uma conferência de imprensa com os seus parceiros de coligação.
"A Alemanha vai ter um governo capaz de agir e forte", disse Merz.
Ao delinear uma série de políticas, a coligação concordou em reduzir os impostos para os rendimentos médios e baixos, reduzir o imposto sobre empresas, baixar os preços da energia, apoiar a indústria dos automóveis eléctricos e eliminar uma controversa lei sobre a cadeia de abastecimento.
Também planeou a criação de uma comissão para reformar os limites de despesa constitucionalmente consagrados na Alemanha, conhecidos como o "travão da dívida", há muito visto pelos críticos como um entrave ao crescimento.
Com a AfD por perto, a coligação também assinalou uma posição mais dura em relação à migração, planeando recusar os requerentes de asilo nas fronteiras da Alemanha e acabar com a naturalização acelerada, entre outras medidas.
Anunciou também um serviço militar voluntário e a criação de um conselho de segurança nacional, bem como medidas para acelerar aquisições no sector da defesa.
Merz, de 69 anos, que classificou os Estados Unidos, de Trump, como um aliado pouco fiável, já prometeu aumentar as despesas com a defesa, já que a Europa enfrenta uma Rússia hostil, e apoiar as empresas que lutam com custos elevados e fraca procura.
A posição mais dura em relação à migração afasta a Alemanha de uma política mais liberal adoptada pela sua antecessora conservadora, Angela Merkel, durante a crise europeia dos migrantes de 2015.
O acordo de coligação tem ainda de ser ratificado por uma votação dos membros do SPD.
Se estes apoiarem o acordo, a chancelaria regressará aos conservadores após o interregno de três anos de Olaf Scholz, do SPD, cujo mandato foi marcado pelas consequências económicas e políticas da invasão total da Ucrânia pela Rússia em 2022.
De acordo com um documento visto pela Reuters, a CDU deverá assumir os ministérios da Economia e dos Negócios Estrangeiros, bem como a Chancelaria, enquanto o SPD ficará responsável pelas Finanças e pela Defesa.
O líder do SPD, Lars Klingbeil, é o mais cotado para se tornar ministro das Finanças e, provavelmente, deixará no seu lugar o popular ministro da Defesa, Boris Pistorius.
Texto integral em inglês: nL5N3QN09F