8 Abr (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que o Brasil será menos prejudicado do que outros países com a imposição de tarifas de importação pelos Estados Unidos.
Em evento do Bradesco BBI, em São Paulo, Haddad afirmou que a imposição de tarifa mais baixa sobre o Brasil em comparação com outras nações deixa o valor relativo dos produtos brasileiros menor para os norte-americanos.
Ele ainda disse que as tarifas anunciadas substituíram a política de cotas de importação, argumentando que com isso o Brasil poderá vender mais para os EUA.
O ministro avaliou que não é o momento de anunciar medidas de contraposição às tarifas norte-americanas, sendo necessário "ver se a poeira baixa".
"A pior coisa que o Brasil pode fazer neste momento é sair a campo sem a prudência diplomática que nós sempre tivemos", disse.
"Não é o momento agora de ficar anunciando medida, é tentar ver se a poeira baixa ou se estabiliza em algum ponto para que nós possamos começar a nos movimentar de maneira a nos proteger."
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o que chamou de "tarifas recíprocas" para as importações de quase todos os países pelos EUA em um abalo para o comércio internacional que abriu uma guerra comercial e provocou perdas em massa nos mercados financeiros.
Para o Brasil, o presidente norte-americano anunciou tarifas adicionais de 10%, bem abaixo do que impôs sobre outros parceiros comerciais, como a China e a União Europeia.
Na avaliação do ministro, o Brasil está bem no quadro geral e tem condições de se proteger de questões externas, citando entre outros fatores o elevado nível de reservas internacionais do país.
Haddad previu que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,5% neste ano, acima dos 2,3% projetados oficialmente em março pela Fazenda.
FISCAL
Em relação ao tema fiscal, o ministro disse que a dívida pública está em trajetória de alta por conta dos gastos com juros, antes de argumentar que é "muito difícil" um país que tem inflação de 5% conviver com taxa de juro real de 9%.
Ele ponderou que o Banco Central está fazendo seu trabalho ao conduzir a política monetária para levar a inflação à meta de 3%.
Haddad disse ainda que o governo tem muitas medidas na manga para assegurar o cumprimento da meta fiscal deste ano, de déficit zero, mas ponderou que até agora o planejamento para o atingimento do alvo “está funcionando”.