Por Davide Barbuscia
NOVA YORK, 21 Fev (Reuters) - Uma possível desaceleração da redução do balanço patrimonial do Federal Reserve e a garantia do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, contra aumentos iminentes da dívida de longo prazo podem oferecer um alívio no curto prazo para o nervosismo do mercado de títulos, enquanto preocupações fiscais persistem.
A ata do Fed da reunião de fixação de juros de 28 e 29 de janeiro, divulgada esta semana, mostrou que autoridades avaliaram uma possível pausa ou desaceleração da redução do balanço patrimonial do Fed, conhecida como aperto quantitativo, conforme um limite vinculativo da dívida pública pode complicar a capacidade do banco central norte-americano de avaliar a liquidez do mercado.
Enquanto isso, Bessent disse em uma entrevista à Bloomberg Television na quinta-feira que, por enquanto, a expansão da emissão de dívida pública de longo prazo dos EUA não está em pauta.
Os comentários, porém, não abalaram as expectativas do mercado em relação ao aumento da dívida pública, conforme investidores e analistas preveem que o Tesouro dos EUA precisará, em algum momento, tomar mais empréstimos para compensar a queda nas receitas do governo decorrente dos cortes de impostos propostos pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
"Se os rendimentos estiverem significativamente mais baixos, eles provavelmente farão mais cortes de impostos... se os rendimentos caírem muito, acho que Bessent deve tentar empurrar para títulos de prazos mais longos", disse Brij Khurana, gerente de portfólio de renda fixa da Wellington Management.
Analistas do JPMorgan disseram em uma nota na quinta-feira que preocupações do mercado de títulos com o excesso de oferta de dívida podem ficar em segundo plano nos próximos meses, dado o foco do governo nos rendimentos de longo prazo. Mas eles disseram ainda esperar que as grandes necessidades de empréstimos do governo no próximo ano fiscal leve a aumentos nas vendas de dívidas de longo prazo.
Trump planeja renovar e expandir os cortes de impostos que ele sancionou durante seu primeiro mandato em 2017, que estão previstos para expirar no final deste ano. Isso pode aumentar os déficits em mais de US$4 trilhões nos próximos dez anos, segundo estimativas da Agência de Orçamento do Congresso dos EUA.
Os cortes de gastos federais impulsionados pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), de Elon Musk, juntamente com a receita potencial das tarifas planejadas por Trump sobre as importações, poderiam ajudar a conter o crescimento do déficit, embora a extensão de seu impacto seja incerta.
Potencialmente, a capacidade do mercado de absorver uma maior oferta de dívida pública pode, até certo ponto, se beneficiar de uma reversão do programa de redução do balanço patrimonial do Fed, já que o banco central poderá começar a reinvestir os títulos vencidos em vez de deixá-los expirar.
A ata do Fed mostrou que autoridades também estão considerando uma mudança para uma carteira de títulos que reflita o vencimento do mercado de Treasuries em circulação. Atualmente, os Treasuries do Fed estão inclinados para a dívida de longo prazo, o que sugere que, com o tempo, poderá reinvestir mais em títulos de prazo mais curto.
((Tradução Redação Brasília))
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