Investing.com – O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) anuncia sua decisão sobre a taxa de juros nesta quarta-feira, 18 de dezembro, com a expectativa de mercado de que o colegiado corte as fed funds em 0,25 ponto percentual. Com o corte precificado, o mercado deve monitorar de perto as projeções econômicas divulgadas junto com a decisão, que devem balizar as expectativas para as reuniões de 2025.
A ferramenta Monitor de Juros do Fed, do Investing.com, indica que 97,4% dos investidores apostam em um corte desta magnitude, levando a faixa para o patamar entre 4,25% e 4,50%.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, concorda com a visão de mercado e acredita que as próximas decisões dependem de dados a serem apresentados.
“Mas novamente está se formando um consenso de que se completa esse ciclo com mais um corte, muito provavelmente o Fed faça uma parada estratégica em janeiro, e com isso ele vai ter um conjunto de dados um pouco mais robusto para decidir o que fazer na segunda reunião do ano que vem”, aponta Igliori.
André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, também está alinhado com as expectativas consensuais, mas afirma que não se surpreenderia se o Fomc decidisse pular o corte nesta reunião diante dos dados de índices gerentes de compras (PMI).
“O PMI de serviços de novembro é o mais alto desde abril de 2022. A PMI industrial está abaixo de 50, mas tem uma recuperação”, destaca, ao ponderar que entende haver sinais mais evidentes de desaceleração no mercado de trabalho.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, que também concorda com o consenso, o cenário está dado diante da comunicação recente, mas o Fed tende a abrir espaço para uma pausa em janeiro. “Não é muito o perfil do Fed, ainda mais do Jerome Powell, de simplesmente mudar do dia para a noite sem ter uma ter uma comunicação, sem ter nenhum tipo de indicação diferente em relação a isso”.
Alves enxerga as expectativas de inflação relativamente ancoradas, mas com nível de incerteza muito grande em relação ao próximo ano diante de políticas potencialmente inflacionárias da gestão de Donald Trump.
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Atuação do Fed e novo governo
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse em reuniões passadas que não haveria mudanças nas decisões no curto prazo com o resultado das eleições, em meio a questionamentos de jornalistas sobre promessas de campanha do republicano, consideradas expansionistas e quem podem afetar a inflação.
“O Powell foi muito cauteloso, como se esperava, falou que não dava para reagir em cima de anúncios de campanha. Então agora que vai começar a conhecer de fato quais vão ser as medidas, não é mais campanha”, completa o economista-chefe da Nomad, considerando que uma parada tática nos cortes em janeiro deve ajudar a autoridade monetária a compreender melhor o que virá da gestão do novo governo.
O conjunto de políticas que foi anunciado durante a campanha tem potencial de gerar inflação, na opinião de Igliori, incluindo a política comercial, expansionismo fiscal e estratégias contrárias à imigração.
Uma eventual deterioração fiscal americana deve exigir do Fed uma postura relativamente mais conservadora, acredita Galhardo. “O Trump, à frente da Casa Branca, com os riscos que estão se materializando já com as falas que ele tem concedido, deve motivar o Fed a ser relativamente um pouco mais conservador. Isso deve refletir já nessas expectativas”, acrescenta, em referência às projeções econômicas que serão apresentadas.
Alves acredita que Powell buscará se esquivar de perguntas que levem a atritos com Trump, indicando que os modelos do Federal Reserve não incluem suposições de políticas que podem ser apresentadas.
“Então acho que ele vai manter aquela neutralidade e tentar fugir ao máximo desse tipo de pergunta. E vai tentar reforçar aquilo que a economia tem dito. Os dados estão resilientes, estão fortes. Tem umas pressões inflacionárias, não dá para desprezar. O núcleo não está cedendo nos últimos meses - e talvez isso seja algo realmente a ser questionado”, conclui.