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Selic: Copom acelera alta de juros em 100 pontos-base; taxa agora é de 12,25%

Investing.com11 de dez de 2024 às 22:04

Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira (11) a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, elevando a taxa Selic de 11,25% para 12,25%. A decisão foi unânime e, segundo o comunicado, haverá duas novas altas de mesma magnitude nas duas primeiras reuniões de 2025. Foi o último encontro liderado pelo atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em 2025, a autoridade monetária será presidida por Gabriel Galípolo e terá a maioria dos membros escolhidos pelo atual governo.

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A nova taxa Selic veio acima da projeção de alta de 75 pontos-base, de acordo com a mediana do compilado de estimativas de economistas ouvidos pelo Investing.com. O aumento de 1 ponto percentual veio em linha com a precificação na curva de juros, na qual apontava 70% de chances de uma alta nessa magnitude no pregão de hoje, contra 30% de chances de uma elevação de 75 pontos-base.

"O mercado estava dividido entre uma alta de 0,75 e 1%, então a decisão foi mais pesada, foi mais dura. E o comunicado também", avalia Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital.

O que diz o comunicado do Copom

O Copom justifica a aceleração da alta em 100 pontos-base e a adoção do forward guidance para a próxima reunião devido à "materialização de riscos" em um "cenário menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior". O colegiado reforça que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre "indicou abertura adicional do hiato do produto". Isso significa que o crescimento econômico está vindo acima da capacidade da economia, o que gera inflação.

O comunicado também cita a inflação acima do teto da meta e a deterioração da expectativa, com o Boletim Focus projetando um IPCA de 4,8% em 2024 e de 4,6% em 2025, ambos acima do teto superior da meta de inflação, que é de 3% ao ano. Nas projeções do Copom, as estimativas do IPCA estão respectivamente em 4,9% e 4,5%. Para o segundo trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária, a projeção do Copom é de um IPCA de 4% no acumulado de 12 meses, acima da projeção de 3,6% indicado no comunicado da reunião anterior.

No balanço dos riscos, o Copom ressalta a permanência de "uma assimetria altista". O item relacionado à taxa de câmbio foi mais elaborado do que nos comunicados anteriores, citando que a depreciação do real é resultado "da conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário". Os outros itens do balanço de risco se mantiveram, tanto os outros dois altistas (desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado e maior resiliência da inflação de serviços) como os dois baixistas (desaceleração da economia global e desinflação maior do que o esperado no mundo).

Em relação à política fiscal, o comunicado aponta que o recente anúncio do pacote de contenção de gastos impactou negativamente "os preços dos ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco". "Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa", enfatizou o Copom no comunicado.

Ao contratar duas altas de mesma magnitude para as próximas duas reuniões, o Copom não indicou a taxa terminal do atual ciclo de alta da Selic. "A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", disse o Copom.

"Comunicado me surpreendeu positivamente. Precisava ser duro e realmente foi", diz Bolzan da The Hill Capital.

O que dizem os economistas sobre o Copom

O mercado deve receber a decisão e o comunicado mais hawkish de forma positiva. "Mesmo que juros elevados sejam ruins para a bolsa, comunicado vai passar um recado importante de que o Banco Central vai buscar convergir a inflação para o centro da meta, então acho que o mercado vai ver isso com bons olhos", avalia Bolzan da The Hill Capital.

Confira abaixo o comunicado completo da decisão:

O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência (Tabela 1).

Em função da materialização de riscos, o Comitê avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior. Persiste, no entanto, uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa.

O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista.

O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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