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FMI vê crescimento global prejudicado por tensões comerciais, mas sem recessão

Reuters17 de abr de 2025 às 19:22

Por Andrea Shalal

- O aumento das tensões comerciais e as mudanças radicais no sistema de comércio global provocarão revisões para baixo nas previsões econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não se espera uma recessão global, disse a diretora-gerente da instituição, Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira.

Georgieva disse que as economias dos países estão sendo testadas por uma reinicialização do sistema de comércio global - desencadeada nos últimos meses pelas tarifas dos Estados Unidos e pela retaliação da China e da União Europeia - que provocou uma incerteza "fora dos padrões" na política comercial e extrema volatilidade nos mercados.

"As perturbações acarretam custos... nossas novas projeções de crescimento incluirão reduções notáveis, mas não recessão", disse ela em um discurso antes das reuniões de primavera do FMI de primavera (no Hemisfério Norte) e do Banco Mundial em Washington na próxima semana.

A expectativa é de que as tarifas de Trump e a turbulência nos mercados financeiros dominem as reuniões dos formuladores de política monetária e ministros das Finanças de todo o mundo.

A incerteza elevada também aumentou o risco de estresse nos mercados financeiros, disse Georgieva, observando que os movimentos recentes na curva de rendimentos dos Treasuries devem ser considerados como um alerta. "Todos sofrem se as condições financeiras piorarem", disse ela.

Georgieva disse que a economia real global está funcionando bem, com um mercado de trabalho forte e um sistema financeiro sólido, mas alertou que as percepções cada vez mais negativas e as preocupações com a recessão também podem afetar a atividade econômica.

"Uma coisa que aprendi durante os períodos de crise é que as percepções são tão importantes quanto a realidade", disse ela. "Se as percepções mudarem negativamente, isso pode ser bastante prejudicial para o desempenho da economia."

O presidente dos EUA, Donald Trump, derrubou o sistema de comércio global com uma série de novas tarifas, incluindo uma taxa de 10% sobre produtos de todos os países e tarifas mais altas para alguns parceiros, embora essas últimas tenham sido pausadas por 90 dias para permitir negociações. A China, a UE e outros países anunciaram medidas de retaliação.

Em janeiro, o FMl previu um crescimento global de 3,3% em 2025 e 3,3% em 2026. O Fundo divulgará uma atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Mundial na terça-feira.

Georgieva, falando na sede do FMI em Washington, antes das reuniões na próxima semana, não forneceu detalhes sobre as revisões esperadas, mas alertou que a incerteza prolongada terá um custo alto e disse que as consequências da reinicialização comercial serão "significativas".

Ela afirmou que o FMI não espera uma grande oscilação da inflação para nenhuma direção, uma vez que as tarifas podem aumentar os preços ao consumidor e ao produtor, ou podem fazer com que as pessoas retenham os gastos, o que pode reduzir a inflação. Mas as previsões atualizadas do FMI mostram uma inflação mais alta para alguns países, disse ela.

Economistas ouvidos pela Reuters esperam que a política tarifária agressiva dos EUA provoque uma desaceleração significativa na economia norte-americana neste ano e no próximo, com a probabilidade de uma recessão no próximo ano subindo para 45%, a maior desde dezembro de 2023, em comparação com 25% no mês passado.

TENSÕES EM EBULIÇÃO

Georgieva disse que as tensões comerciais já vinham se manifestando há algum tempo, mas agora estão em ebulição, e pediu aos países que respondam com sabedoria às "mudanças repentinas e abrangentes" observadas nas tarifas dos EUA.

Tanto os EUA quanto a China têm queixas, mas é importante que as duas maiores economias do mundo reduzam a incerteza e cheguem a um acordo sobre um sistema de comércio mais justo e baseado em regras, disse ela, alertando sobre os efeitos colaterais para países menores.

Segundo ela, o aumento das tarifas afeta o crescimento de imediato, observando que evidências anteriores mostraram que as taxas tarifárias mais altas são pagas pelos importadores por meio de lucros menores e pelos consumidores por meio de custos mais altos.

Em grandes economias, elas também podem criar incentivos para novos investimentos internos, criando empregos, mas isso leva tempo.

"O protecionismo corrói a produtividade no longo prazo, especialmente em economias menores", disse ela, alertando que as medidas para proteger a indústria da concorrência também prejudicam o empreendedorismo e a inovação.

Georgieva pediu aos países que continuem reformas econômicas e financeiras, mantendo uma política monetária ágil e confiável, bem como uma forte regulação e supervisão do mercado financeiro.

As economias de mercados emergentes devem preservar a flexibilidade de suas taxas de câmbio, e os países doadores devem proteger melhor os fluxos de ajuda aos países vulneráveis de baixa renda, acrescentou.

Georgieva também pediu cooperação em um mundo cada vez mais multipolar e insistiu para as maiores economias chegarem a um acordo comercial que preserve a abertura e reinicie uma tendência global de redução das tarifas e das barreiras não tarifárias.

"Precisamos de uma economia mundial mais resiliente, não de uma tendência à divisão", disse ela. "Todos os países, grandes e pequenos, podem e devem fazer sua parte para fortalecer a economia global em uma era de choques mais frequentes e severos."

(Por Andrea Shalal)

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))

REUTERS FC IV

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