Investing.com – O dólar recuava contra as principais divisas nesta segunda-feira, 25, devolvendo parte dos ganhos recentes após a nomeação de Scott Bessent, gestor de fundos, como secretário do Tesouro dos EUA por Donald Trump. A decisão foi bem recebida pelo mercado de títulos, resultando na redução das taxas das Treasuries.
Apesar disso, Bessent demonstrou publicamente apoio a uma política de dólar forte e tarifas comerciais, sugerindo que a fraqueza atual da moeda pode ser temporária.
Às 8h25 de Brasília, o Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de outras seis importantes divisas, recuava 0,56%, a 106,91 pontos.
“Não sabemos se a recente inclinação altista na curva das Treasuries reflete a percepção de Bessent como uma ‘figura confiável’, mas ele definitivamente não parece alguém que incentivará Trump a adotar uma política de dólar fraco”, apontaram analistas do ING em relatório.
O foco econômico desta semana estará no índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), referência preferida do Federal Reserve para medir a inflação básica. O dado, que será divulgado na quarta-feira, deve registrar uma alta moderada de 0,3% mês a mês, mantendo as especulações sobre a possibilidade de corte na taxa de juros em dezembro.
Dados recentes indicam que a inflação resiliente tem levado o Fed a adotar uma postura cautelosa em relação a novos cortes.
CONFIRA: Curva de juros dos EUA
Na Europa, o euro (EUR/USD) subia 0,6%, chegando a 1,0476, após ter atingido 1,0332 na última sexta-feira, seu nível mais baixo em dois anos. A recuperação ocorreu após levantamentos sobre a indústria europeia revelarem ampla fraqueza, enquanto os dados norte-americanos superaram as expectativas.
Esse cenário alimenta as expectativas de um afrouxamento monetário mais agressivo pelo Banco Central Europeu (BCE).
“A visão predominante é que não haverá suporte fiscal relevante na zona do euro e que a única solução para o atual mal-estar é o BCE cortar juros mais rapidamente que o habitual”, afirmaram especialistas do ING.
O BCE já reduziu os juros três vezes neste ano. Contudo, o mercado agora precifica em 50% a probabilidade de um corte de 50 pontos-base na reunião de 12 de dezembro, ao invés dos habituais 25, diante do crescimento fraco e dos riscos de recessão.
A libra esterlina (GBP/USD) avançou 0,4%, para 1,2576, recuperando-se da mínima de seis semanas registrada na sexta-feira, após resultados decepcionantes nas vendas do varejo do Reino Unido. Esses números reforçaram as chances de cortes nas taxas de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE).
Mesmo assim, Clare Lombardelli, vice-governadora do BoE, afirmou nesta segunda-feira estar mais preocupada com o risco de a inflação superar as previsões da instituição.
“Vejo os riscos para a inflação como amplamente equilibrados, mas estou mais preocupada com as consequências de uma alta acima do esperado, o que poderia exigir uma resposta monetária mais custosa”, declarou Lombardelli, em sua primeira fala pública desde julho.
O dólar também perdeu terreno frente ao iene japonês (USD/JPY), que caiu 0,2%, para 154,41, ampliando a queda de 0,4% registrada na semana anterior. O par é sensível aos movimentos nos rendimentos das Treasuries e havia se valorizado fortemente nos últimos dois meses, acompanhando a desvalorização do iene.
“O iene começa a mostrar certa força nas travas cambiais, influenciado pela mudança no mix fiscal e monetário do Japão”, disse o ING. “Há uma percepção crescente de que o estímulo fiscal japonês encoraja o Banco do Japão a elevar os juros em dezembro. Cerca de 15 pontos-base de uma alta de 25 já estão precificados.”
Por fim, o iuane no par USD/CNY teve leve queda, para 7,2447, após subir 0,2% na semana passada.