Por Ann Saphir e Howard Schneider
16 Abr (Reuters) - Com a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, injetando incerteza nas perspectivas econômicas, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, discursará nesta quarta-feira pela segunda vez em menos de duas semanas, quando apresentará sua opinião sobre o que está reservado para os norte-americanos em termos de inflação e emprego, e o que o banco central poderá fazer caso eles se desviem do curso.
Powell falou pela última vez em 4 de abril, no que se provou ser um período intermediário - dois dias após o anúncio de Trump de uma tarifa de 10% sobre a maioria das importações dos EUA e pesadas taxas adicionais sobre produtos de dezenas de parceiros comerciais, e cinco dias antes de Trump suspender abruptamente as taxas "recíprocas", com exceção da China, por 90 dias.
Naquele momento fugaz, Powell já havia avaliado que as tarifas provavelmente significariam uma combinação desafiadora de inflação mais alta e crescimento mais lento, potencialmente forçando o Fed a escolher contra o que lutar. Ainda assim, ele expressou essencialmente uma abordagem de esperar para ver, dizendo que "é muito cedo para dizer qual será o caminho apropriado para a política monetária".
O quanto o recuo temporário de Trump - e a extensão da incerteza que o acompanha - fará Powell ir além disso, se é que o fará, será o centro das atenções dos investidores, que têm sido atingidos por dias pela maior volatilidade nos mercados globais desde o início da pandemia da Covid-19 há cinco anos.
Powell discursará às 14h30 (horário de Brasília) no Economic Club of Chicago e também responderá a perguntas de um moderador.
Para complicar seu desafio de comunicação, há mais notícias sobre tarifas. Depois que Trump isentou alguns produtos eletrônicos das tarifas por enquanto, seu governo também iniciou investigações que devem resultar em novas taxas sobre produtos farmacêuticos e chips semicondutores.
Nesta semana, o diretor do Fed Christopher Waller disse que, se Trump continuar reduzindo as tarifas para um patamar mais baixo, o banco central dos EUA fará bem em manter a taxa de juros inalterada no primeiro semestre deste ano e, talvez, cortá-la gradualmente no segundo semestre, à medida que a inflação elevada pelas tarifas diminuir.
Se Trump mantiver o aumento das tarifas, disse Waller, a taxa de desemprego poderá aumentar e o Fed precisará fazer cortes mais agressivos.
Outras autoridades do Fed têm sido mais "hawkish", concentrando-se em sinais de que as expectativas de inflação de curto prazo aumentaram e poderiam, como disse o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, "infiltrar-se" nas expectativas de longo prazo, forçando potencialmente o Fed a manter os juros altos ou até mesmo aumentá-los ainda mais.
Não está claro qual ponto de vista está mais próximo da percepção de Powell, ou com que detalhes ele poderá articular sua opinião. Enquanto isso, dados recentes mostram que a inflação está desacelerando, enquanto o mercado de trabalho está se mantendo firme, mesmo com a economia perdendo impulso.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))
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