Por Michael S. Derby
11 Abr (Reuters) - O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse nesta sexta-feira que as atuais políticas comerciais do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acelerarão a inflação este ano, acrescentando que é fundamental que o banco central dos EUA evite que as expectativas de longo prazo sobre as pressões sobre os preços fiquem desancoradas.
"É difícil saber com precisão como a economia evoluirá", disse Williams em comentários preparados para a Câmara de Comércio de Porto Rico. "Considerando os efeitos incertos das tarifas anunciadas recentemente e outras mudanças de política, há uma gama excepcionalmente ampla de resultados que podem ocorrer."
À luz dessa incerteza ligada às medidas do presidente Donald Trump para impor pesadas taxas de importação a uma ampla gama de parceiros comerciais dos EUA, o forte início de ano da economia provavelmente dará lugar a algo menos favorável, disse Williams. O Fed precisará observar os dados cuidadosamente durante esse período para saber como reagir com a política monetária, disse ele.
Williams disse que espera que as tarifas elevem a inflação para algo entre 3,5% e 4% este ano, o que representaria um aumento acentuado nas pressões sobre os preços em relação ao nível atual do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), que foi de 2,5% em fevereiro, em uma base anual. O PCE é o principal indicador de inflação usado pelo Fed.
"Dada a combinação da desaceleração no crescimento da força de trabalho devido à redução da imigração e aos efeitos combinados da incerteza e das tarifas, agora espero que o crescimento real do PIB diminua consideravelmente em relação ao ritmo do ano passado, provavelmente para um pouco abaixo de 1%", enquanto a taxa de desemprego deve aumentar de seu nível atual de 4,2% para entre 4,5% e 5%.
Williams observou que continua empenhado em levar a inflação de volta à meta de 2% do Fed. Ele disse que, embora as expectativas de inflação de curto prazo tenham aumentado, as de longo prazo permaneceram sob controle, e é fundamental que o Fed continue assim.
Sua perspectiva de desaceleração do crescimento, aumento do desemprego e inflação muito mais alta é difícil para o Fed, pois não implica em uma resposta clara da política monetária.
Os mercados financeiros esperam, em geral, uma série de cortes nas taxas de juros do Fed com o objetivo de proteger a economia dos riscos de queda, enquanto as autoridades do banco central dos EUA, em comentários recentes, destacaram a importância de não deixar a inflação sair do controle. A maioria sugeriu que não vê nenhum motivo iminente para alterar a taxa de juros referencial, que atualmente está definida na faixa de 4,25% a 4,50%.
"A política monetária está no lugar certo para gerenciar esses riscos da melhor forma possível" e seu nível "modestamente restritivo" é o mais adequado, considerando o atual nível de inflação, disse Williams.
A posição atual do Fed em relação às taxas "nos dá a oportunidade de avaliar os dados e desdobramentos que estão chegando e, em última análise, nos posiciona bem para nos ajustarmos às mudanças nas circunstâncias que afetam o cumprimento de nossas metas de mandato duplo", disse ele.
((Tradução Redação São Paulo))
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