Por Bo Erickson e Richard Cowan
WASHINGTON, 10 Abr (Reuters) - A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou nesta quarta-feira um plano orçamentário que estabelece as bases para a prorrogação dos cortes de impostos de 2017 do presidente Donald Trump, apesar da oposição de todos os democratas e de dois republicanos que temiam que o plano não cortasse suficientemente os gastos.
A votação pelo placar de 216 a 214 na Câmara é uma etapa preliminar, mas necessária, que permitirá aos republicanos contornar a oposição democrata e aprovar a legislação de corte de impostos ao longo das linhas partidárias ainda este ano.
Os republicanos irão elaborar esses cortes de impostos nos próximos meses.
A legislação aprovada nesta quinta-feira equivale a um projeto orçamentário amplo, que inclui poucos detalhes.
Ela reduzirá os impostos em cerca de US$5 trilhões e acrescentará aproximadamente US$5,7 trilhões à dívida do governo federal na próxima década.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, esperava aprová-lo na quarta-feira, mas adiou a ação quando alguns de seus correligionários republicanos objetaram que o plano não cortava os gastos o suficiente. Com uma maioria de 220 cadeiras a 213, Johnson tem pouca margem de erro.
A legislação, que foi aprovada no Senado no sábado, exige um mínimo de US$4 bilhões em cortes de gastos. Isso é muito menos do que uma versão anterior aprovada pela Câmara que exige cortes de US$1,5 trilhão.
Os republicanos do Senado dizem que o valor de US$4 bilhões é simplesmente um mínimo que não impede o Congresso de aprovar cortes de gastos muito maiores nos próximos meses. Mas alguns conservadores linha-dura da Câmara dizem que estão relutantes em votar em uma legislação que não inclua uma meta maior.
Johnson e o líder da Maioria no Senado, John Thune, tentaram superar essas preocupações antes da votação, dizendo que teriam como objetivo encontrar cortes de gastos muito maiores nos próximos meses.
"Certamente faremos tudo o que pudermos para sermos o mais agressivos possível", disse Thune.
Antes da votação, alguns republicanos disseram que precisavam deixar de lado as preocupações ideológicas para dar aos cortes de impostos de Trump uma chance de sucesso.
"Não me importa o quão filosoficamente íntegro você seja, não me importa o quanto a legislação seja ousada e dramática, se ela nunca chegar à mesa do presidente, nunca se tornará uma lei", disse o deputado republicano Frank Lucas, de Oklahoma.
Trump pediu aos republicanos da Câmara que votassem a favor.
"Ótima notícia! o "Grande e Belo Projeto" está indo muito bem. Os republicanos estão trabalhando juntos muito bem. A maior redução de impostos da história dos EUA!!! Chegando perto", escreveu ele nas mídias sociais.
O projeto de lei estenderá os cortes de impostos de 2017 que foram a principal conquista legislativa de Trump no primeiro mandato.
Ele também propôs isenções fiscais adicionais para salários de horas extras, renda de gorjetas e benefícios da Previdência Social. Analistas não partidários dizem que isso poderia elevar o custo do projeto de lei para mais de US$11 trilhões.
Os republicanos do Congresso também pretendem usar o projeto orçamentário para aumentar o teto da dívida do governo federal, o que deve ser feito em algum momento deste verão, ou correm o risco de inadimplência no pagamento da dívida federal de US$36,6 trilhões.
A briga entre os partidos ocorre em meio ao caos nos mercados financeiros provocado pela imposição de tarifas de Trump sobre produtos importados. As perspectivas de um encolhimento da economia dos EUA como resultado de uma guerra comercial mundial, conforme projetado por alguns economistas, repercutiram nos debates orçamentários do Congresso devido à possibilidade de queda da receita em uma recessão econômica.
((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC