Investing.com — A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender temporariamente suas tarifas “recíprocas” alivia parte dos riscos imediatos à atividade econômica, mas mantém elevado o nível de incerteza, segundo avaliação de analistas do Morgan Stanley (BVMF:MSBR34) (NYSE:MS).
Em relatório divulgado na quinta-feira, a equipe liderada por Michael T. Gapen indicou que, mesmo diante desse cenário volátil, continua a projetar que o Federal Reserve não deverá realizar cortes na taxa de juros ao longo de 2025.
Ainda assim, uma desaceleração mais ampla da economia norte-americana poderia antecipar movimentos de afrouxamento monetário, segundo o banco. A projeção atual do Morgan Stanley para o crescimento dos EUA aponta para uma expansão modesta do PIB, com alta trimestral de apenas 0,6% no quarto trimestre deste ano.
A ata da última reunião do Federal Reserve revelou que as autoridades seguem preocupadas com os riscos gêmeos trazidos pela política tarifária: pressão inflacionária persistente e perda de dinamismo econômico.
Na quarta-feira, em meio à crescente instabilidade nos mercados globais, Trump anunciou de forma inesperada a suspensão por 90 dias da maioria das tarifas punitivas e abrangentes aplicadas a diversos países. Ainda assim, em declaração publicada nas redes sociais, afirmou que essas nações estarão sujeitas a uma “Tarifa Recíproca substancialmente reduzida” de 10%.
A exceção foi a China, principal alvo da ofensiva comercial de Trump. O presidente afirmou que as tarifas sobre produtos chineses subirão para 125%, após a resposta de Pequim, que elevou suas próprias taxas para 84% sobre itens norte-americanos, aprofundando o confronto comercial entre as duas maiores economias do mundo. Em 2024, a China foi a segunda maior origem de importações para os EUA.
Ao comentar a mudança de posição, Trump, que vinha sustentando a manutenção integral das tarifas e pedindo calma à população diante da volatilidade dos mercados, reconheceu que a percepção de insegurança entre os agentes econômicos foi determinante para a reavaliação da medida.
Os futuros das bolsas norte-americanas recuaram levemente na quinta-feira, após a forte valorização registrada na sessão anterior com a trégua tarifária. Os rendimentos dos Treasuries também caíram, refletindo a desaceleração das vendas após um episódio de forte liquidação de títulos públicos — evento citado pelo próprio Trump como um dos catalisadores de sua decisão.
“O adiamento reforça nossa visão de que o governo busca acordos bilaterais que permitam negociar tarifas mais brandas com países fora da alça de mira chinesa”, escreveram os analistas do Morgan Stanley, que destacaram que, com o aumento sobre os produtos chineses, a tarifa efetiva média nos EUA atinge agora o patamar recorde de 23%.
“Esses adiamentos oferecem certo alívio, mas não eliminam a incerteza”, concluem os especialistas.
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