DUBLIN, 2 Abr (Reuters) - As tarifas planeadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serão negativas em todo o mundo, com os danos a dependerem do seu alcance, da sua duração e do sucesso de negociações, afirmou Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.
A administração Trump deverá anunciar, esta quarta-feira, "tarifas recíprocas" visando os países que têm direitos sobre bens norte-americanos. Esta acção acontecerá após ter aplicado novas taxas de importação sobre produtos de México, China e Canadá - os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos - bem como sobre produtos como o aço e automóveis.
"O impacto será negativo em todo o mundo e a densidade e a durabilidade do impacto variarão consoante o âmbito, os produtos visados, o tempo de duração, a existência ou não de negociações", disse Lagarde, numa entrevista à rádio irlandesa Newstalk.
"Não esqueçamos que, muitas vezes, essas escaladas tarifárias, por se revelarem prejudiciais, mesmo para aqueles que as impõem, conduzem a mesas de negociação onde as pessoas se sentam e discutem e acabam por eliminar algumas dessas barreiras".
Lagarde esteve em Dublin para receber um prémio em homenagem ao irlandês Peter Sutherland, antigo director-geral da Organização Mundial do Comércio, que, segundo Lagarde, "daria voltas no túmulo se soubesse o que se está a passar neste momento".
"Acho que nunca mencionei a palavra incerteza tantas vezes como nas últimas semanas, porque simplesmente não sabemos até hoje, que é suposto ser o dia em que é anunciado, o que será o acordo (com os Estados Unidos) para o resto do mundo", afirmou Lagarde.
"A previsibilidade é muito escassa neste momento".
Lagarde acrescentou que o impacto económico do aumento das despesas com a defesa na Europa ainda não está definido e que depende de como e onde o dinheiro é gasto.
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