Por Laurie Chen
PEQUIM, 23 Mar (Reuters) - O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, pediu aos países que abram seus mercados para combater a "crescente instabilidade e incerteza", em um fórum de negócios em Pequim no domingo, enquanto a China se prepara para novas tarifas dos Estados Unidos.
"No mundo cada vez mais fragmentado de hoje, com o aumento da instabilidade e da incerteza, é mais necessário que os países abram seus mercados e empresas... para resistir aos riscos e desafios", disse Li a dezenas de CEOs estrangeiros e ao senador republicano dos EUA Steve Daines, no Fórum de Desenvolvimento da China, segundo a mídia estatal.
CEOs estrangeiros, incluindo Tim Cook da Apple AAPL.O, Cristiano Amon da Qualcomm QCOM.O, Pascal Soriot da AstraZeneca AZN.L e Amin Nasser da Saudi Aramco 2223.SE estão participando do fórum no domingo e na segunda-feira, e alguns devem se encontrar com o presidente Xi Jinping na sexta-feira, disseram fontes à Reuters.
Pequim está interessada em atrair investimentos estrangeiros em um momento de tensões geopolíticas elevadas, conforme os formuladores de políticas tentam impulsionar o consumo doméstico para compensar os novos ventos contrários das tarifas dos EUA.
"Vamos nos concentrar em combinar a intensificação da política com o estímulo das forças de mercado", disse Li, de acordo com relato da Xinhua, sem entrar em detalhes sobre medidas de estímulo específicas.
"Implementaremos políticas macroeconômicas mais ativas e promissoras, intensificaremos ainda mais os ajustes anticíclicos e introduziremos novas políticas incrementais quando necessário."
Li expressou esperança de que os empresários sejam "defensores e promotores ferrenhos da globalização" e "resistam ao unilateralismo e ao protecionismo".
Havia menos CEOs norte-americanos participando da cúpula do que no ano passado devido ao aumento das tensões geopolíticas entre Pequim e Washington, de acordo com uma fonte.
Li se reuniu com Daines e sete outros CEOs norte-americanos na tarde de domingo, o que Daines anunciou como uma oportunidade para que eles compartilhassem suas opiniões sobre o ambiente de negócios na China.
O parlamentar de Montana, um forte apoiador do presidente Donald Trump, reuniu-se com o vice-primeiro-ministro He Lifeng no sábado, na primeira visita de um político dos EUA à China desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.
Trump anunciou uma onda de novas tarifas "recíprocas" que entrarão em vigor em 2 de abril, visando os países com barreiras comerciais aos produtos norte-americanos, o que poderia incluir a China. Ele impôs tarifas de 20% sobre as exportações chinesas neste mês, o que levou a China a retaliar com tarifas adicionais sobre os produtos agrícolas norte-americanos.
O governo Trump deve concluir uma análise até 1º de abril sobre a conformidade de Pequim com a "fase um" do acordo comercial EUA-China firmado em seu primeiro mandato.
Durante o fórum, o formulador de políticas econômicas chinês Han Wenxiu prometeu mais esforços para aprofundar as reformas do lado da oferta e promover a autossuficiência em ciência e tecnologia, de acordo com a mídia estatal.
Nas últimas semanas, autoridades do Ministério do Comércio da China se reuniram com pelo menos uma dezena de executivos de empresas estrangeiras, incluindo a gigante brasileira Vale VALE3.SA, Airbus AIR.PA, PepsiCo PEP.O, Procter & Gamble PG.N, Honeywell HON.O e Swire 0019.HK.
Essas reuniões ocorreram no momento em que dados oficiais mostraram que o investimento estrangeiro direto no ano passado sofreu a maior queda desde a crise financeira global de 2008.
((Tradução Redação São Paulo))
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