Investing.com – O cenário fiscal da Alemanha pode passar por grandes mudanças em breve, segundo apontam analistas do UBS em um relatório divulgado nesta sexta-feira.
O chanceler nomeado Friedrich Merz propôs um aumento expressivo nos investimentos em defesa e infraestrutura, movimento que, de acordo com o banco, tem potencial para fortalecer o ambiente de investimentos tanto no país quanto na região.
No curto prazo, entretanto, as incertezas — principalmente os riscos tarifários dos EUA — exigem uma postura cautelosa por parte dos investidores.
Se aprovado pelo Bundestag, o plano permitirá a liberação de 500 bilhões de euros para infraestrutura e excluirá os gastos com defesa que ultrapassarem 1% do PIB do limite imposto pelo “freio da dívida”.
O UBS estima que essas medidas possam resultar em um aumento acumulado de 20% nos gastos públicos ao longo da próxima década, impulsionando a confiança de consumidores e empresas antes mesmo da implementação total dos investimentos.
Os mercados reagiram rapidamente ao anúncio. O UBS destaca que "o euro e os rendimentos dos ‘bunds’ subiram", enquanto o índice DAX acumula alta de 13% no ano até 13 de março.
Merz defendeu seu plano no parlamento, argumentando que "a Alemanha precisa reassumir seu papel como um parceiro estratégico na Otan, na Europa e no cenário global".
Para os investidores, o UBS identifica oportunidades, mas recomenda uma abordagem seletiva.
"Preferimos uma exposição estratégica por meio do nosso tema ‘Seis formas de investir na Europa’", afirmam os analistas, destacando os setores industriais da zona do euro, ações de pequenas e médias empresas e títulos corporativos de alta qualidade.
Além disso, a recente elevação dos rendimentos dos títulos públicos é vista pelo UBS como uma oportunidade para garantir retornos estáveis no longo prazo.
Apesar das incertezas relacionadas às tarifas dos EUA e ao cenário econômico global, o UBS avalia que a solidez fiscal da Alemanha é suficiente para acomodar o aumento dos gastos sem comprometer seu rating de crédito AAA.
"Um aumento nos gastos públicos pode melhorar o ambiente de investimentos na Alemanha e na região, mas os riscos de curto prazo permanecem, especialmente no que se refere às tarifas dos EUA", conclui o UBS.