FRANKFURT, 14 Mar (Reuters) - Uma guerra comercial global em grande escala prejudicaria sobretudo os Estados Unidos e poderia reanimar o impulso da Europa no sentido da unidade, disse, esta sexta-feira, a Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.
Os Estados Unidos impuseram uma série de tarifas a amigos e inimigos e ameaçaram tomar ainda mais medidas, provocando retaliações por parte da maioria dos países e suscitando o receio de que o crescimento global possa ser fortemente afetado.
"Se chegássemos a uma verdadeira guerra comercial, em que o comércio fosse significativamente afectado, isso teria consequências graves", disse Lagarde ao programa HARDTalk, da BBC. "Teria consequências graves para o crescimento em todo o mundo e para os preços em todo o mundo, mas particularmente nos Estados Unidos".
No entanto, estas tensões podem também ter o efeito secundário positivo de dar um novo impulso à unidade europeia, afirmou Lagarde.
"Sabem o que se está a fazer neste momento? A agitar a energia europeia. É uma grande chamada de atenção para a Europa. Talvez este seja, mais uma vez, um momento europeu", afirmou.
A Comissão Europeia e a Alemanha, a maior economia do bloco, já anunciaram um aumento das despesas com a defesa e as infra-estruturas, pondo fim a anos de relutância em gastar, argumentou Lagarde.
Este "despertar colectivo" parece incluir também o Reino Unido, que abandonou a UE, já que está a participar no esforço de segurança da Europa, argumentou Lagarde.
Muitos dos esforços em grande escala da UE para aprofundar a unidade foram interrompidos durante a maior parte da última década e o ex-chefe do BCE, Mario Draghi, apresentou um relatório mordaz sobre o projecto europeu no ano passado.
No entanto, os líderes europeus não tomaram quaisquer medidas para implementar as propostas de reforma de Draghi, mesmo quando o bloco quase não cresce e a Alemanha sofreu dois anos consecutivos de contracção económica.
Texto integral em inglês: nL1N3PX06S