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Investing.com - Os principais índices futuros das ações dos EUA registravam avanço nesta terça-feira, após um pregão de forte queda gerada por preocupações sobre uma possível recessão na maior economia do mundo.

No âmbito corporativo, a Delta Air Lines (BVMF:DEAI34) (NYSE:DAL) revisou para baixo sua projeção de lucro para o primeiro trimestre, citando o impacto da incerteza gerada pelas políticas tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump. Já a Oracle Corporation (BVMF:ORCL34) (NYSE:ORCL) apresentou resultados ligeiramente abaixo das estimativas, mas trouxe uma perspectiva otimista para sua divisão de computação em nuvem com inteligência artificial.

No Brasil, as atenções se voltam à retomada dos balanços pós-Carnaval e à divulgação de novos dados sobre a economia do país, em meio a preocupações com o movimento de aversão ao risco global.

Leia agora mais detalhes sobre os assuntos que estão movimentando os mercados nesta manhã.

1. Futuros americanos sobem, após forte realização de lucros

Os contratos futuros de ações dos EUA registravam leve recuperação, após as preocupações com uma recessão provocarem quedas expressivas em Wall Street no pregão anterior.

Por volta das 8h de Brasília, o S&P 500 avançava 0,2%, o Nasdaq 100 subia 0,21%, e o Dow tinha alta de 0,12% no mercado futuro.

CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street

Os principais índices recuaram fortemente na segunda-feira, pressionados pelo temor de que as tarifas propostas pelo governo Trump possam reacender pressões inflacionárias e afetar o crescimento econômico. Durante o fim de semana, em entrevista à Fox News, Trump evitou prever uma recessão, afirmando que o país passará por um "período de transição" devido às tarifas.

O mercado também foi impactado pela incerteza em torno das demissões em massa de funcionários federais promovidas por Trump e pelas negociações no Congresso sobre um projeto de lei para evitar a paralisação do governo. Parlamentares republicanos devem votar nesta terça-feira uma proposta de orçamento apoiada pela Casa Branca.

O índice S&P 500 caiu 2,7%, ampliando as perdas da semana passada, enquanto o Nasdaq 100 teve seu pior desempenho diário desde 2022. O Dow Jones Industrial Average, por sua vez, recuou 2,1%.

Os rendimentos dos Treasuries também caíram, refletindo a cautela dos investidores sobre a economia. O Índice Dólar, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, operava em leve alta.

Enquanto isso, o índice Vix, conhecido como "índice do medo", atingiu seu nível mais elevado desde agosto de 2024.

"Sentimento de aversão ao risco e volatilidade elevada marcaram um dia difícil para os mercados nos EUA", destacaram analistas do ING em nota a clientes. "Não foi um crash na segunda-feira, mas um movimento gradual de baixa, dando continuidade à fraqueza observada na semana passada."

As ações da Delta Air Lines recuaram no pós-mercado, ampliando as perdas registradas na segunda-feira, após a companhia aérea revisar para baixo sua estimativa de lucro, citando a incerteza econômica nos EUA.

A empresa agora projeta um lucro por ação entre US$ 0,30 e US$ 0,50 no primeiro trimestre, abaixo da faixa anterior de US$ 0,70 a US$ 1,00. A expectativa para o crescimento da receita anual também foi reduzida para um intervalo entre 3% e 4%, ante projeção anterior de 7% a 9%.

"Os consumidores de setores discricionários não gostam de incerteza", afirmou o CEO Ed Bastian à CNBC, ressaltando que os gastos corporativos começaram a desacelerar.

As ações de concorrentes como United Airlines (NASDAQ:UAL) e American Airlines (NASDAQ:AAL) também registraram queda, com analistas alertando que outras revisões negativas podem surgir no setor.

"Delta é um grande termômetro do mercado e esperamos que a Casa Branca esteja atenta", destacaram analistas da Vital Knowledge em relatório.

2. Resultados da Oracle

As ações da Oracle recuaram no pós-mercado, à medida que investidores reagiam a um leve descumprimento das estimativas para o terceiro trimestre fiscal e a uma projeção abaixo do esperado para o trimestre seguinte.

Apesar disso, a empresa registrou um forte aumento nas reservas de contratos, superando as previsões de Wall Street. O presidente Larry Ellison destacou que a companhia viu uma "demanda recorde" por seus serviços. Analistas ressaltaram que esse crescimento não inclui os possíveis benefícios do "Stargate", joint venture da Oracle voltada à construção da infraestrutura de inteligência artificial nos EUA.

Os executivos da Oracle projetam agora um crescimento de receita de 15% no ano fiscal de 2026 e de 20% no ano fiscal de 2027, ambos acima das estimativas. A CEO, Safra Catz, afirmou que não há sinais de desaceleração na procura por serviços de nuvem baseados em inteligência artificial.

Catz também informou que a companhia planeja mais que dobrar seus investimentos em infraestrutura para US$ 16 bilhões no ano fiscal de 2025, com o objetivo de atender a uma demanda que cresce de forma acelerada. Ainda assim, analistas apontaram preocupações sobre o retorno financeiro e a eficiência desses investimentos elevados em IA.

3. Dados de emprego no radar nos EUA

No calendário econômico, investidores aguardam a divulgação do relatório JOLTS, que mede a abertura de vagas de emprego nos EUA, referente a janeiro.

A expectativa é que o número de postos de trabalho disponíveis tenha subido para 7,65 milhões, após ter atingido 7,6 milhões em dezembro — quando sofreu a maior queda em 14 meses.

O relatório do Departamento do Trabalho também indicou que a proporção de vagas por trabalhador desempregado caiu para 1,1 em dezembro, ante 1,5 em novembro.

Na semana passada, outro indicador mostrou que o mercado de trabalho norte-americano permaneceu resiliente em fevereiro, com criação de empregos acima do esperado, embora a taxa de desemprego tenha subido ligeiramente. Mesmo assim, a política comercial de Trump e os cortes profundos no funcionalismo federal seguem como fatores de incerteza.

Apesar desse cenário, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a economia dos EUA "continua em uma posição favorável", destacando que a inflação vem desacelerando de maneira instável, mas contínua, enquanto o mercado de trabalho segue em expansão. Segundo Powell, desde setembro, o país tem criado, em média, 191 mil empregos por mês.

O Fed deve manter as taxas de juros inalteradas na reunião de política monetária da próxima semana, mas as apostas de cortes nos juros ao longo do ano têm ganhado força.

4. Bitcoin perto dos US$ 80.000

O bitcoin operava em leve queda nesta terça-feira, chegando a atingir uma nova mínima de quatro meses, em meio à redução do apetite por risco diante do aumento dos temores de recessão nos EUA e da incerteza sobre as tarifas comerciais.

O mercado de criptomoedas também recuava, sem grande reação ao anúncio recente do governo Trump sobre a criação de uma reserva nacional de ativos digitais. Além disso, a cúpula sobre criptoativos realizada na Casa Branca na semana passada trouxe poucas sinalizações sobre o plano regulatório do governo para o setor.

O bitcoin acumula perdas há três semanas, sem grande impacto positivo do anúncio de uma nova captação de recursos da Strategy — maior detentora corporativa da criptomoeda — para ampliar suas reservas.

O bitcoin hoje recuava 2,51%, cotado a US$ 81.700,00.

5. Ativos brasileiros sentem aversão ao risco; balanços em foco

Após o forte movimento global de aversão ao risco nos mercados ontem – com impactos no dólar e na bolsa de valores –, os investidores brasileiros seguem atentos aos desdobramentos da política tarifária de Trump e à retomada dos balanços corporativos por aqui.

A construtora Direcional (BVMF:DIRR3) reportou receita líquida recorde de R$ 924 milhões no quarto trimestre, alta de 46% em relação ao ano anterior, mas levemente abaixo das projeções de mercado. Apesar disso, o lucro líquido superou expectativas, alcançando R$ 181 milhões, crescimento de 82% na comparação anual.

Já a Rede D'Or (BVMF:RDOR3) registrou lucro líquido de R$ 879,5 milhões, avanço de 31,6% sobre o mesmo período de 2023, enquanto o Ebitda ajustado cresceu 30,6%, atingindo R$ 2,3 bilhões. A receita líquida da rede hospitalar subiu 9,4% no trimestre, totalizando R$ 13 bilhões.

No cenário político, o governo pretende ampliar o escopo de atuação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aumentando os estoques de grãos para conter a inflação de preços dos alimentos.

Nas regras atuais, as compras públicas realizadas pela companhia visam a proteger a renda do produtor com preços mínimos e incentivar a oferta no longo prazo. Com a formação de estoques, o governo deseja garantir preços mais baixos para o consumidor, porém pode evitar que a inflação caia em momentos de oferta abundante, além de gerar preocupações fiscais.

No calendário econômico de hoje, teremos a apresentação dos dados sobre a atividade industrial de fevereiro pelo IBGE às 9h, o que dará uma visão mais clara sobre o estado da economia brasileira no início do ano.