Por Karen Brettell
NOVA YORK, 10 Mar (Reuters) - Os rendimentos dos Treasuries recuavam nesta segunda-feira, com as notas de dois anos, que são mais sensíveis à taxa de juros, a caminho de sua maior queda diária desde setembro, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusou a descartar uma recessão como resultado de suas políticas tarifárias.
Em uma entrevista, Trump se recusou a prever se os EUA podem enfrentar uma recessão em meio às preocupações dos mercados sobre suas ações tarifárias contra México, Canadá e China, dizendo que "há um período de transição".
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na sexta-feira que a economia norte-americana pode desacelerar à medida que se afasta dos gastos públicos e se volta para gastos privados, chamando isso de "período de desintoxicação" necessário para alcançar um equilíbrio mais sustentável.
"Se o próprio ocupante da Casa Branca não está muito otimista com relação às expectativas de crescimento de curto prazo, por que o mercado deveria estar otimista?", disse Will Compernolle, estrategista macro da FHN Financial.
"Se eles estiverem dispostos a enfrentar o que consideram uma dor de curto prazo, a desintoxicação, então há um risco ainda maior de que, após a desintoxicação, eles não tenham realmente a capacidade de interromper uma desaceleração antes que seja tarde demais".
A queda das ações também impulsionou a demanda por títulos de dívida do governo dos EUA, que são considerados ativos seguros.
O rendimento do Treasury de referência de dez anos US10YT=RR perdia 10,5 pontos-base, para 4,213%, a maior queda diária desde 13 de fevereiro.
O retorno da nota de dois anos US2YT=RR cedia 7,8 pontos-base, para 4,539%, a maior baixa desde 4 de setembro.
Enquanto isso, a curva de juros, medida pelo spread entre os rendimentos de dois e dez anos US2US10=TWEB, aumentava em cerca de 2 pontos-base, para 32 pontos-base.
A implementação caótica de tarifas comerciais por Trump tem aumentado a incerteza sobre quando e por quanto tempo as taxas poderão ser aplicadas, o que tem provocado temores sobre como elas podem afetar o crescimento e a inflação.
Na quinta-feira, Trump suspendeu as tarifas de 25% que havia imposto na semana passada sobre a maioria dos produtos de Canadá e México. As isenções para os dois maiores parceiros comerciais dos EUA expiram em 2 de abril.
Enquanto isso, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse na sexta-feira que o banco central dos EUA não tem pressa em retomar os cortes da taxa de juros, com a inflação ainda "um pouco acima" da meta de 2% do Fed.
O principal foco econômico desta semana serão os dados sobre a inflação ao consumidor de fevereiro, que serão divulgados na quarta-feira, após um relatório muito mais forte do que o esperado para janeiro. Os dados de preços ao produtor estão previstos para quinta-feira.
((Tradução Redação Brasília))
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