Investing.com – Os receios de que a incerteza gerada pelas políticas tarifárias do presidente Donald Trump possa desencadear efeitos negativos na economia americana são válidos, mas ainda não são uma "conclusão inevitável", segundo analistas do Sevens Report.
Apesar da alta registrada na última sexta-feira, o S&P 500 encerrou sua pior semana em seis meses, enquanto o Nasdaq Composite já acumula queda superior a 10% desde sua máxima histórica em dezembro, entrando oficialmente em território de correção.
No final da última semana, Trump anunciou um adiamento temporário das tarifas de 25% sobre a maioria dos produtos importados do Canadá e do México, estendendo a isenção até 2 de abril. A suspensão abrange itens que já estavam incluídos em um acordo comercial assinado durante seu primeiro mandato.
Embora a decisão tenha trazido algum alívio momentâneo aos mercados, os investidores continuam preocupados com a imprevisibilidade das ações do presidente, que alterna constantemente entre ameaças, anúncios e recuos. Além disso, a política tarifária tem obscurecido as perspectivas para a inflação e o crescimento econômico, aumentando os temores de uma desaceleração nos Estados Unidos.
Em entrevista à Fox News no fim de semana, Trump evitou descartar a possibilidade de uma recessão e afirmou que a economia está passando por um período de transição devido à sua agenda de governo. Mesmo assim, o presidente manteve o tom agressivo e continuou ameaçando impor novas tarifas.
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Os analistas do Sevens Report destacam que a recente queda dos mercados está diretamente ligada ao aumento da incerteza e ao receio de que esse ambiente leve a uma série de consequências negativas.
O fluxo constante de notícias preocupantes sobre comércio exterior tem amplificado previsões pessimistas e estimulado projeções de quedas contínuas no mercado acionário. Além das incertezas sobre tarifas, a indefinição no Congresso americano sobre o orçamento federal, o teto da dívida e possíveis extensões de cortes de impostos também adiciona mais volatilidade ao cenário econômico.
A preocupação é que essa combinação de fatores leve famílias e empresas a adotarem uma postura mais cautelosa, reduzindo o consumo e os investimentos. Esse comportamento poderia amplificar uma desaceleração econômica e afetar os lucros corporativos.
No entanto, os analistas ressaltam que, até o momento, a turbulência nos mercados é motivada pelo medo, e não por dados econômicos concretos ou resultados negativos das empresas.
"É correto adotar uma postura mais cautelosa e se preparar para períodos de volatilidade, mas um cenário de crise ainda não está definido como inevitável", concluíram.