Por Karen Brettell
NOVA YORK, 10 Mar (Reuters) - Os rendimentos dos Treasuries recuavam nesta segunda-feira, depois que comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo, levantaram preocupações sobre uma recessão iminente na maior economia do mundo.
Em uma entrevista, Trump se recusou a prever se os EUA podem enfrentar uma recessão em meio às preocupações dos mercados sobre suas ações tarifárias contra México, Canadá e China, dizendo que "há um período de transição".
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na sexta-feira que a economia norte-americana pode desacelerar à medida que se afasta dos gastos públicos e se volta para gastos privados, chamando isso de "período de desintoxicação" necessário para alcançar um equilíbrio mais sustentável.
"Se o próprio ocupante da Casa Branca não está muito otimista com relação às expectativas de crescimento de curto prazo, por que o mercado deveria estar otimista?", disse Will Compernolle, estrategista macro da FHN Financial.
"Se eles estiverem dispostos a enfrentar o que consideram uma dor de curto prazo, a desintoxicação, então há um risco ainda maior de que, após a desintoxicação, eles não tenham realmente a capacidade de interromper uma desaceleração antes que seja tarde demais".
O rendimento do Treasury de dez anos US10YT=RR --referência global para decisões de investimento-- caía 9 pontos-base, a 4,225%.
O rendimento do Treasury de dois anos US2YT=RR--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 7 pontos-base, a 3,927%.
A diferença entre os rendimentos dos Treasuries de dez e dois anos US2US10=RR --vista como um indicador de expectativas econômicas-- estava em 29,6 pontos-base.
A implementação caótica de tarifas comerciais por Trump tem aumentado a incerteza sobre quando e por quanto tempo as taxas poderão ser aplicadas, o que tem provocado temores sobre como elas podem afetar o crescimento e a inflação.
Na quinta-feira, Trump suspendeu as tarifas de 25% que havia imposto na semana passada sobre a maioria dos produtos de Canadá e México. As isenções para os dois maiores parceiros comerciais dos EUA expiram em 2 de abril.
Enquanto isso, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse na sexta-feira que o banco central dos EUA não tem pressa em retomar os cortes da taxa de juros, com a inflação ainda "um pouco acima" da meta de 2% do Fed.
O principal foco econômico desta semana serão os dados sobre a inflação ao consumidor de fevereiro, que serão divulgados na quarta-feira, após um relatório muito mais forte do que o esperado para janeiro.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))
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